Ciro Nogueira, o presidente do Partido Progressista (PP) e senador pelo Piauí, afirmou que o partido manterá sua postura de oposição em relação ao governo Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo diante da nomeação de seu colega de partido, o deputado André Fufuca (PP-MA), como futuro ministro. As declarações foram dadas ao Estadão/Broadcast.
A escolha faz parte de uma estratégia do Palácio do Planalto para angariar apoio do grupo político conhecido como Centrão.
Perguntado sobre a possibilidade de a sigla adotar o gesto conhecido como "fazer o L" – símbolo de apoio associado aos seguidores do presidente Lula –, Ciro Nogueira respondeu de forma enfática.
"Impossível. Pelo menos enquanto eu for presidente. Eu acabei de ser reeleito, tenho mais três anos pela frente. É impossível que isso venha a ocorrer, eu sou contra radicalmente a entrada do partido (no governo)”, declarou.
Ciro Nogueira também afirmou que rejeitou uma aproximação feita por Lula e enfatizou que não tem interesse em se envolver nas negociações por cargos com o Palácio do Planalto.
Mesmo que a eventual inclusão de Fufuca no governo se concretize, segundo o senador, o PP manterá sua postura de oposição ao presidente Lula.
“Se ele me ouvisse, não aceitaria essa indicação”, declarou o senador, em referência a Fufuca.
O parlamentar também expressou críticas à abordagem adotada pelo governo na condução da reestruturação ministerial.
“Eu acho que está sendo feito da forma incorreta. Primeiro, escolhe-se os nomes, para depois se escolher as pastas”, afirmou.
Além de Fufuca, o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) também deve ganhar um ministério, mas o presidente Lula ainda não definiu onde irá alocar os representantes do Centrão.
Tendo sido aliado do PT no passado, Ciro adotou nos últimos anos uma postura política mais alinhada à direita e integrou o governo de Jair Bolsonaro como ministro da Casa Civil, uma posição descrita pelo ex-presidente como o "núcleo vital" da administração.
Após a derrota eleitoral de Bolsonaro, o senador mudou sua posição para a oposição. “Não temos identificação, não temos o menor comprometimento, não temos a menor sintonia com o que esse governo está fazendo”, completou.
Sendo o líder do partido na Câmara, Fufuca também ocupa a posição de um dos vice-presidentes da legenda. No entanto, ele teria que se afastar tanto do cargo na Executiva Nacional como das deliberações partidárias para assumir o ministério.
'Governo fadado ao fracasso'
“É um governo que eu vejo fadado ao fracasso”, disse. Ciro considerou, entretanto, que não seria alinhado com a "história" do partido aplicar expulsões a membros que expressem apoio ao Palácio do Planalto, como aconteceu no PL, legenda de Bolsonaro sob a liderança de Valdemar Costa Neto.
No entanto, ele destacou que o partido está planejando lançar um manifesto contendo "cláusulas inalteráveis", que os parlamentares deverão respeitar durante as votações no Congresso.
O líder do PP refutou qualquer alegação de que a negociação visando a nomeação de Fufuca como titular do Ministério do Desenvolvimento Social tenha como intenção enfraquecer o atual ministro da pasta, Wellington Dias, membro do Partido dos Trabalhadores (PT) e seu oponente político no estado do Piauí.
“Acho que essa discussão está mais pelo fraco desempenho do ministro”, afirmou.
Por último, Ciro analisou que o presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), que também é membro do seu partido, já cumpriu a sua obrigação ao governo devido ao apoio recebido dos petistas durante a sua reeleição como líder da Câmara.
“Acho que ele mesmo está consciente que não deve mais nada ao PT e que, agora, sua postura tem que ser de total independência”, completou o presidente do PP.