Coach Pablo Marçal é alvo de operação da PF que investiga crimes eleitorais

Segundo PF, ele efetuou doações para campanhas eleitorais, sendo que uma parte do valor foi transferida para empresas de sua propriedade

5 jul 2023 - 10h26
(atualizado às 11h57)
O coach Pablo Marçal em expedição no Pico dos Marins, em Piquete (SP)
O coach Pablo Marçal em expedição no Pico dos Marins, em Piquete (SP)
Foto: Reprodução/Instagram / Estadão

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira, 5, uma operação em São Paulo para investigar crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita eleitoral e lavagem de dinheiro ocorridos durante as eleições de 2022. Um dos investigados é o coach Pablo Marçal.

Marçal foi pré-candidato à Presidência da República pelo PROS nas eleições do ano passado. Na ocasião, em meio a conflitos internos dentro do partido, ele alterou o registro da candidatura para concorrer ao cargo de deputado federal.

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De acordo com as investigações, tanto Pablo Marçal quanto seu sócio foram responsáveis por realizar doações milionárias para campanhas eleitorais, sendo que uma parte significativa desses recursos foi transferida posteriormente para empresas de sua propriedade.

Conforme informações da PF, foram executados 7 mandados de busca e apreensão nas residências dos investigados e nas sedes das empresas supostamente relacionadas ao caso.

Empresa de Pablo Marçal é alvo de denúncia

Após a morte de Bruno da Silva Teixeira, de 26 anos, durante uma maratona de rua organizada pela XGrow, Clara Serbim, amiga da vítima e ex-funcionária da empresa liderada pelo coach e político Pablo Marçal, utilizou as redes sociais para denunciar uma rotina de assédio moral dentro da organização.

Em seus relatos nas redes sociais, Clara conta que era exigido dos funcionários que se exercitassem diariamente, sob ameaça de serem demitidos caso não cumprissem a determinação.

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A corrida que Bruno da Silva Teixeira participou era um evento fechado e planejado para os colaboradores, sócios e amigos próximos. Segundo Clara, não houve nenhum preparo adequado para o exercício. Além disso, a distância a ser percorrida seria uma surpresa para os participantes: "Não sabíamos se seria 21 ou 42 km."

Clara relata que a cultura da empresa de Marçal é baseada em superar desafios por meio do "controle da mente" das equipes. Ele próprio se colocava em situações extremas e, em seguida, fazia com que seus colaboradores passassem pela mesma experiência. Clara relatou: "Pablo estava treinando para fazer 42 km, tinha conseguido, e essa era a vez dos funcionários”.

A ex-funcionária conta que, desde que foram impostos os treinos aos funcionários, uma academia foi instalada na XGrow. No entanto, não havia acompanhamento médico adequado até então, o que vai passar a ter a partir de agora. “Vão exigir exames e mais... e que bom. Pena que o meu melhor amigo teve que morrer para isso ser", escreveu nos Stories no Instagram.

A Polícia Civil de São Paulo investiga o caso como "morte suspeita".

O que aconteceu

No dia 5 de junho, Bruno da Silva Teixeira, que prestava serviços para a XGrow, aceitou o desafio de participar de uma corrida de rua de 21 km em Alphavile, na Grande São Paulo. No entanto, sem o conhecimento dos participantes, a distância foi dobrada para 42 km.

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Bruno conseguiu percorrer cerca de 15 km, mas acabou passando mal e foi levado ao Hospital Albert Einstein, onde faleceu.

O que diz Pablo Marçal

A XGrow foi criada por Pablo Marçal e atualmente é liderada por Marcos Paulo de Oliveira. Nas eleições de 2022, Pablo Marçal chegou a ser candidato a presidente da República pelo Pros, mas teve candidatura barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

Questionada pelo Terra, a assessoria de comunicação de Pablo Marçal informou que o coach não se pronunciou publicamente sobre o caso por não querer expor a família do jovem morto.

"Lamentamos essa fatalidade profundamente, pois todos estão sujeitos a uma fatalidade, mas ninguém espera. Não houve manifestação prévia, pelo cuidado de não haver exposição da família e para não reviver uma dor tão difícil de suportar, o que infelizmente não foi possível, já que certas pessoas se utilizaram dessa dor para outros fins", diz a assessoria do coach em nota.

Segundo a assessoria, o prestador de serviço foi socorrido por "uma das pessoas que estava treinando" porque estava mais próxima e porque o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) demorou a chegar. 

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"Ele foi vítima de um mal súbito e os presentes informaram que tudo aconteceu muito rápido. Ele chegou com pulso no hospital, pois foi feito massagem cardíaca no carro, e no hospital perdurou por mais 50 minutos aproximados", continua a nota. 

Ainda de acordo com a assessoria de Pablo Marçal, não foi a primeira vez que o jovem participou de uma corrida de rua. "[Ele] praticava desde 2018, como está no seu Instagram, e nesse dia decidiu treinar de última hora. Inclusive, falou com um parente que o alertou de não participar desse tipo de treino antes de fazer exames. Descobrimos isso depois do ocorrido."

"Era um treino espontâneo e amador, como muitos que acontecem todas as noites pelo Brasil [...] Treinos não são estruturados. Cada um leva a sua água e suplementos de acordo com seus gostos", complementa.

"Em todo tempo prestamos o suporte necessário à família e mais uma vez renovamos nossos sinceros sentimentos", conclui o comunicado do coach.

Fonte: Redação Terra
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