Comissão de SP critica conclusão da CNV sobre morte de JK

10 dez 2014 - 18h53
(atualizado às 21h45)

O presidente da Comissão Municipal da Verdade de São Paulo, o vereador Gilberto Natalini (PV), elogiou o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV). O documento foi entregue nesta quarta-feira (10) á presidente Dilma Rousseff, em cerimônia no Palácio do Planalto. Para Natalini, a comissão “teve coragem para colocar o dedo na ferida”.

“O relatório da comissão é muito amplo, foi bem aprofundado e investigou bastante coisa. É importante para o Brasil e as conclusões finais são positivas”, disse.

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No entanto, o vereador criticou o fato da CNV não ter mantido a posição assumida pela Comissão Municipal de São Paulo sobre a morte do ex-presidente da República Juscelino Kubitschek. Para a Comissão Municipal, a versão oficial sobre a morte do ex-presidente foi “forjada” durante a ditadura militar.

A versão oficial relata que JK morreu em agosto de 1976 em um acidente de carro na rodovia Presidente Dutra, quando o carro em que estava colidiu com uma carreta após ter sido fechado por um ônibus. Após uma série de audiências durante o ano passado para investigar a morte do ex-presidente e de seu motorista, Geraldo Ribeiro, a comissão decidiu declarar, em dezembro de 2013, que Juscelino sofreu um atentado político e foi, na verdade, assassinado durante a ditadura militar. Mas a CNV endossou a versão oficial, afirmando que Juscelino morreu após um acidente de trânsito.

“Tivemos uma divergência forte com a comissão. Lançamos primeiro as conclusões e eles vieram depois com a investigação deles sobre a morte do Juscelino. Mantivemos nossa posição de que Juscelino não sofreu um acidente e que ele sofreu um acidente provocado na (rodovia) Dutra pelo regime militar”, disse. “Esse é um erro profundo”, ressaltou Natalini.

Segundo o vereador, a comissão não ouviu nem mesmo o motorista do ônibus sobre o acidente. “Uma comissão que investiga e busca a verdade não pode chegar a uma conclusão sem ouvir as pessoas. Lamentamos que, após isso tudo, baseado em um inquérito feito pela polícia da ditadura na época - o Instituto de Criminalística do regime militar - eles voltem a dizer que foi um acidente”, disse.

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Nesta quinta-feira (11), a Comissão Estadual da Verdade de São Paulo também vai discutir a morte de Juscelino Kubitschek. Segundo a comissão, um grupo de trabalho formado por mais de 20 professores e pesquisadores da Universidade de São Paulo e da Universidade Presbiteriana Mackenzie concluiu que ele foi assassinado.

Em entrevista nesta quarta-feira à Agência Brasil, o vereador também criticou o fato do lançamento do relatório ter sido restrito a poucos convidados. “Lamento que esta divulgação tenha sido feita de uma forma tão restrita e tão circunscrita a alguns convidados da Presidência da República. Acho que isso foi um erro após tanto trabalho e divulgação, fazer uma cerimônia praticamente fechada, com pouca gente”, disse. De acordo com Natalini, o relatório final da Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo será divulgado em maio e vai pedir punição aos torturadores.

Agência Brasil
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