O Complexo Penitenciário de Pedrinhas, localizado em São Luís e considerado como o mais violento do Brasil, registrou entre a noite de ontem e a madrugada desta sexta-feira um novo assassinato e outra rebelião, informou a Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária do Maranhão.
Um preso identificado como Hélio da Silva Souza, de 21 anos, foi encontrado morto na noite de quinta-feira no Centro de Detenção Provisório (CDP), uma das oito unidades do complexo carcerário.
Com a morte de Souza, que foi enforcado com um lençol, subiu para 17 o número de detentos assassinados no acumulado de 2014 em Pedrinhas. Desde 2013, 75 detentos morreram no presídio, segundo estatísticas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Horas depois, já na madrugada de hoje, um grupo de presos iniciou outra rebelião no Presídio São Luís 2, que também faz parte do complexo de Pedrinhas, rapidamente contida por agentes da tropa de choque da Polícia Militar (PM) do Maranhão.
Os detentos protestavam contra transferências para prisões de outras cidades do estado, coordenadas pela direção de Pedrinhas, a fim de reduzir a lotação e as tensões no centro carcerário.
Os novos incidentes foram registrados dois dias depois que 13 presos fugiram por um túnel escavado na unidade de São Luís 1, e que um grupo de internos organizasse uma rebelião, com alguns tentando fugir pela porta principal da penitenciária. A revolta foi igualmente contida pela PM com rapidez.
Outra fuga ocorreu uma semana antes, quando 36 internos escaparam por um buraco, aberto intencionalmente após bandidos jogarem um caminhão roubado contra um dos muros do presídio. O diretor da Casa de Detenção, outra das unidades do complexo carcerário, foi detido acusado de facilitar a saída de presos.
A crise provocada pela falta de controle no centro carcerário obrigou à governadora do Maranhão, Roseana Sarney, a destituir na quarta-feira o secretário de Justiça e Administração Penitenciária do Maranhão, Sebastião Uchoa. Ele foi substituído interinamente pelo secretário regional de Segurança Pública, Marcos José Moraes Affonso Júnior.
De acordo com números do governo do Maranhão, 105 presos fugiram do complexo de janeiro a setembro deste ano.
Pedrinhas, a maior prisão do estado, tem sido palco de recorrentes assassinatos - alguns com decapitações -, rebeliões, fugas, brigas entre presos e desaparições.
A maior parte das mortes em Pedrinhas é atribuída a uma guerra entre grupos rivais de presos que atuam neste complexo carcerário com capacidade para 1.770 reclusos, mas que sempre recebeu número superior.
Em janeiro deste ano, uma comissão legislativa de Direitos Humanos denunciou que parentes de alguns internos eram obrigados a ter relações sexuais com os líderes das facções criminosas que atuam no presídio.
Segundo dados oficiais, são mais de 550 mil presos no Brasil, o que representa 30% mais detentos do que as prisões do país podem abrigar.