O corpo da bebê brasileira Sofia Gonçalves de Lacerda, de um ano e oito meses que morreu no último dia 14 em um hospital de Miami devido a uma parada cardíaca, foi velado e cremado na tarde desse domingo na cidade de Lighthouse Point, no estado da Flórida, nos Estados Unidos. A funerária contratada pela família transmitiu ao vivo pela internet a cerimônia, mas o número de acessos foi tão grande que o site da empresa ficou fora do ar por algum tempo. Muitas pessoas lamentaram o imprevisto, inclusive os familiares no Brasil.
Dois dias antes, a família havia divulgado uma mensagem na fanpage “Ajude a Sofia” no Facebook avisando aos seguidores que seria possível acompanhar a celebração de corpo presente pela web e explicando detalhadamente como acessar essa opção no site. Na página da funerária também era possível mandar mensagens aos familiares.
Toda a celebração ocorreu das 14h às 16h pelo horário local de Lighthouse Point (das 15h às 17h no horário brasileiro). Os pais da menina, Gilson Gonçalves e Patrícia Lacerda, receberam o carinho de amigos, dos médicos que cuidaram de Sofia nos Estados Unidos - entre eles do cirurgião que chefiou a equipe de transplante, Rodrigo Vianna - e de muitos brasileiros que acompanharam o caso e moram naquele país.
Um pastor fez a celebração religiosa e confortou o casal. Ele afirmou que Patrícia e Gilson foram guerreiros, não se deixaram vencer pelas dificuldades, fizeram planos, mas “a resposta final é do Senhor”.
“Após a cerimônia, a Patty e o Gilson falaram que descobriram uma nova família por lá. Por todo o apoio que os brasileiros estão dando. Eles se revezam pra deixá-los sempre com alguém fazendo companhia”, comentou Priscila Coutinho, prima de Patrícia.
Os familiares ainda não sabem quando o casal retorna para casa, em Votorantim, no interior de São Paulo. “Estão regularizando algumas documentações e depois que tudo estiver ok, voltarão”, informou.
A luta de Sofia pela vida teve grande repercussão na mídia nacional e até internacional já que os pais enfrentaram uma batalha judicial para que o governo brasileiro custeasse o transplante no exterior. A cirurgia não é feita em crianças no país. Todo o tratamento foi estimado em R$ 2,2 milhões. Acompanhada dos pais, a menina embarcou para os EUA em julho do ano passado.
Antes de vencer a briga na Justiça a família havia arrecadado donativos e divulgado o caso por meio da fanpage “Ajude a Sofia”. Atualmente a página tem mais de 1,5 milhão de seguidores. Muitos lamentaram a morte da menina e enviaram mensagens de carinho e consolo.
“É um momento delicado e difícil. Eu realmente esperava ter os três voltando para o Brasil, mas as coisas não são como queremos. Gostaria de pedir que as pessoas respeitassem o luto desses pais, se colocassem no lugar deles, pois encontramos muitas mensagens de apoio as quais agradecemos imensamente, mas em contrapartida, encontramos mensagens tratando o momento como piada, criticando os pais e a Sofia de forma completamente desumana”, lamentou Priscila Coutinho.
Despedida e homenagens
Durante a manhã de domingo uma missa de 7º dia foi celebrada na Catedral Metropolitana de São Paulo, a Catedral da Sé. Depois da celebração, em frente à igreja um grupo soltou dezenas de balões brancos e cor de rosa em homenagem a Sofia.
Já em Sorocaba, no interior do Estado, no mesmo horário em que a cremação era realizada nos Estados Unidos, amigos da família e pessoas que se solidarizaram com a causa também prestaram uma homenagem no Parque das Águas. Vestidos de branco eles fizeram uma oração e soltaram balões da mesma cor. Muitos confeccionaram cartazes com imagens da menina e mensagens de despedida. Sofia esteve internada no Hospital Samaritano na cidade, ainda em 2014, de onde partiu rumo ao tratamento em Miami.