A diretoria dos Correios espera chegar a um acordo na tarde desta terça-feira com os sindicatos que não aceitaram a proposta da empresa e continuam em greve desde o dia 12. Em uma audiência de conciliação na Justiça do Trabalho, em Brasília, a empresa vai manter a proposta - já aceita pelos sindicatos do Rio de Janeiro, São Paulo, Bauru (SP) e Rondônia - de reajuste de 8% nos salários, que representa reposição da inflação do período (6,27%), mais ganho real de 1,7%, além de 6,27% a mais nos benefícios.
O presidente da empresa, Wagner Pinheiro de Oliveira, disse, em entrevista coletiva, que esse é o limite a que a empresa pode chegar, nas circunstâncias atuais. "É uma ótima proposta, em respeito aos trabalhadores e à população, que não pode ser prejudicada pela paralisação dos serviços."
De acordo com a direção dos Correios, 98,73% dos empregados (122.889) compareceram normalmente ao trabalho nesta terça-feira, "apesar da paralisação mantida por seis sindicatos (Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Tocantins, São José dos Campos e Vale do Paraíba)". Segundo os Correios, as paralisações provocaram um acúmulo de 3,4 milhões de objetos (correspondência e encomendas). O Plano de Continuidade de Negócios, que prevê o cumprimento de horas extras, mutirões para entrega nos fins de semana e deslocamento de empregados entre as unidades, deverá regularizar a situação até esta quarta-feira, informam os Correios.
Os Correios oferecem na proposta de acordo o pagamento de um vale extra no valor de R$ 650 em dezembro, e vale-cultura dentro das regras do programa do governo federal.
Os sindicatos serão representados pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect). Que representa mais de 30 entidades de empregados dos Correios. A entidade reivindica 7,13% de reajuste mais 15% de aumento real e R$ 200 de aumento linear para todos os 123 mil servidores. Além disso, pede 20% de aumento pelas perdas salariais ocorridas desde o Plano Real.
Segundo o órgão, atender às demandas da categoria causaria impacto de R$ 31,4 bilhões sobre a folha de pagamento, o equivalente a "quase o dobro da previsão de receita' para este ano, "ou o equivalente a 50 folhas mensais de pagamento da ECT" como um todo.
Além das reivindicações salariais, o diretor da Fentect, James Magalhães, afirma que outro ponto que preocupa os trabalhadores é a situação do Correios Saúde, plano que atualmente é administrado pelo setor de recursos humanos da empresa. "Desde 2009, eles vêm sucateando o plano. Fecharam vários ambulatórios dentro dos Correios. Agora querem repassá-lo à iniciativa privada, sob o nome de Postal Saúde, prejudicando também esse direito dos trabalhadores."