Os funcionários dos Correios que fazem parte dos sindicatos que assinaram o acordo coletivo - São Paulo, Rio de Janeiro, Bauru (SP), Rio Grande do Norte e Rondônia - receberão até o dia 3 de outubro as diferenças do reajuste de 8% oferecido pela empresa, referentes aos meses de agosto e setembro. A informação foi divulgada nesta terça-feira, por meio de nota, pela estatal.
O Acordo Coletivo de Trabalho já foi protocolado pela empresa no Tribunal Superior do Trabalho (TST) com pedido de extensão aos demais sindicatos. "Em respeito aos mais de 90% dos trabalhadores dos Correios que não aderiram à paralisação parcial e continuam em atividade normalmente, a empresa reafirma seu compromisso de estender as vantagens do acordo para todos, o que ocorrerá se os demais sindicatos assinarem o acordo até quinta-feira (26)", diz a nota.
"Não existe a menor possibilidade de acordo até quinta. A menos que ofereçam uma proposta melhor. A empresa tem condições de melhorar a proposta porque os Correios são um monopólio de grande rentabilidade e lucro crescente", disse à Agência Brasil a secretária-geral da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresa de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), Anaí Caproni. A entidade representa 29 dos 35 sindicatos de trabalhadores da empresa.
Os Correios propuseram reajuste de 8% nos salários, garantia da manutenção de todos os benefícios com reposição da inflação integral no período (6,27%), abono de R$ 650,65, a ser creditado em dezembro para o Natal, e vale-cultura, segundo as regras de adesão ao programa do governo federal. A estatal garantiu que vai ampliar a entrega matutina, uma das reivindicações apresentadas pelas lideranças sindicais.
Já a Fentect pede reajuste de 7,13%, alegando defasagem salarial causada pela inflação recente, mais 15% de aumento real, e R$ 200 de aumento linear para todos os servidores. Além disso, reivindica mais 20% pelas perdas salariais ocorridas desde a implantação do Plano Real.
De acordo com a empresa, as reivindicações da Fentect teriam impacto de R$ 31,4 bilhões por ano, o que, segundo a empresa, "é quase o dobro da previsão de receita dos Correios para 2013 e o equivalente a 50 folhas mensais de pagamento". Acrescentou que, de 2003 a 2012, o ganho real dos trabalhadores foi 36,91%, índice acima da inflação. Atualmente, 65% da receita de vendas dos Correios são destinados ao pagamento de salários, benefícios e encargos, conforme a empresa.
Outro ponto que, segundo a Fentect, tem gerado descontentamento entre os trabalhadores é o "sucateamento" dos Correios Saúde, plano que atualmente é administrado pelo setor de recursos humanos da empresa. A preocupação é que ele seja repassado à iniciativa privada, sob o nome de Postal Saúde.
A estatal informou que "todos os atuais direitos dos trabalhadores em relação ao plano de saúde estão garantidos", o que inclui manutenção dos atuais beneficiários, inclusive pais do empregado, que já estão cadastrados; cobertura de procedimentos; rede credenciada; e percentual de compartilhamento. Além disso, acrescenta que "não haverá nenhum custo adicional, repasse ou mensalidade aos empregados".
"A nova gestão (do plano de saúde) será dada por uma empresa cujo estatuto permite mudança sem a necessidade de consultas", argumenta a secretária da Fentect. Os Correios alegam que todo o processo de migração para o Postal Saúde demanda autorização da Agência Nacional de Saúde (ANS). A alteração da gestão será feita por um conselho formado por representantes indicados pelos Correios e por empregados, diz a estatal.
De acordo os Correios, 92,83% dos empregados registraram presença no sistema eletrônico e estão trabalhando normalmente, apesar da greve. Entre os empregados da área operacional (carteiros, atendentes e operadores de triagem e transbordo), o índice chegou a 91,51%, informou os Correios.
Os números são contestados pela Fentect. "Se não fosse assim, ela (a empresa) não estaria pressionando os trabalhadores, oferecendo os 8% retroativos. Quem alega ter participação mínima de grevistas não precisa fazer esse tipo de coisa. Isso só comprova a força da greve. Além disso, pressionar grevistas com promessa de pagamento antecipado é uma prática ilegal. Até porque o dissídio está em curso. Estamos entrando com medidas judiciais cabíveis", disse Anaí Caproni.
A estatal informou que a rede de atendimento está aberta em todo Brasil e que todos os serviços estão disponíveis - com exceção da postagem, entrega e coleta de encomendas com hora marcada nos locais com paralisação.