O presidente da CPI da Covid no Senado, Omar Aziz (PSD-AM), disse nesta sexta-feira que, apesar do recesso do Congresso, a CPI continuará trabalhando neste mês na análise de documentos recebidos pela comissão.
"A CPI não vai parar. Não tem reuniões, mas hoje mesmo temos reunião com Renan (Calheiros, relator) e Randolfe (Rodrigues, vice-presidente da CPI) para montar um cronograma de trabalho. Vamos pedir ajuda de um delegado e agentes da PF para analisar documentos recebidos", disse.
Em entrevista ao canal GloboNews, Aziz afirmou que a volta dos trabalhos presenciais, em agosto, deve incluir uma acareação entre servidores do Ministério da Saúde e funcionários da empresa Precisa, que intermediou a compra das vacinas indianas Covaxin em um contrato cheio de suspeitas.
Outro ponto que a CPI precisa atuar nos próximos 90 dias, afirmou Aziz, é para esclarecer a suspeita de prevaricação do presidente Jair Bolsonaro, que teria sido informado da suspeita de corrupção na compra da Covaxin mas não teria atuado.
"Temos aí um vasto caminho a percorrer na investigação", disse.
Aziz respondeu às cobranças do líder do governo, Ricardo Barros, para ser ouvido pela CPI. Em seu depoimento, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) disse que, na conversa com Bolsonaro, o presidente o "esquema" que envolvia a Covaxin teria relação com Barros.
"O deputado Ricardo Barros pode passar 50 horas falando na CPI e não vai convencer ninguém. Quem tem que desfazer isso é o presidente, que até agora não fez", disse Aziz, lembrando que, ao contrário, Bolsonaro já admitiu que recebeu as denúncias de Miranda e de seu irmão, o servidor do ministério Luis Ricardo Miranda, e repassou ao então ministro Eduardo Pazuello, e não negou ter falado de Barros.
"Por que a PF não investigou, a CGU não investigou. Quem não deve não teme. Não fez. Sabe por quê? Por que Luiz Miranda está falando a verdade."
Aziz disse ainda que o ministro da Defesa, Braga Netto, poderá sim ser investigado pela CPI, caso haja elementos que indiquem essa necessidade. O senador foi alvo de uma nota em tom de ameaça do ministro e dos comandantes das Forças Armadas por ter dito que membros das forças estariam envolvidos nos casos de corrupção na Saúde.
O relator da CPI, Renan Calheiros, defende a convocação do ministro à Comissão. Braga Netto era ministro da Casa Civil até abril deste ano e coordenador do comitê de resposta à pandemia.
"Se Braga Netto tiver que ser investigado será investigado sim. Espero não encontrar nada contra ele", disse Aziz.