Pequenos fragmentos de óleo foram encontrados em Abrolhos neste sábado (2). A região, no extremo sul da Bahia, tem a mais extensa bancada de corais do Brasil e resguarda a maior biodiversidade marinha da porção sul do Atlântico.
A Marinha informou que foram retirados fragmentos de óleo em Ponta da Baleia, em Caravelas, e na Ilha de Santa Bárbara, em Abrolhos. A remoção foi feita pelo Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), formado pela Marinha, Agência Nacional de Petróleo (ANP) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
A preocupação com a chegada do óleo em Abrolhos aumentou nos últimos dias. Na segunda-feira (28), surgiram os primeiros sinais de que, de fato, a mancha estava se aproximando de Abrolhos. Segundo a organização Conservação Internacional, pescadores retiraram do alto mar cerca de 40 quilos de óleo, perto da Reserva Extrativista (Resex) Canavieiras.
A entidade afirmou ainda que pequenas manchas já foram avistadas em praias das cidades de Belmonte e Santa Cruz Cabrália, que estão ao sul de Canavieiras e mais próximas ao núcleo central do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. Até ali, os sinais eram de que o material tinha chegado à região de Abrolhos, mas não ao parque nacional.
Na ocasião, a professora do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Zelinda Leão, que desde a década de 1970 estuda os recifes de coral ali presentes, disse que "nada poderia ser pior" que as manchas de óleo chegarem a Abrolhos.
Com a maior biodiversidade marinha da porção sul do Atlântico, o santuário na Bahia já tem mais de 1.300 espécies registradas entre fauna e flora.
A região possui ainda a maior produção pesqueira da Bahia, movimentando aproximadamente R$ 100 milhões por ano e provendo sustento a mais de 20 mil famílias.
Não à toa, o Parque Nacional Marinho de Abrolhos, criado em 1983, é a primeira unidade de conservação marinha do país, protegendo o arco de recifes costeiros e o Arquipélago dos Abrolhos, formado por cinco ilhas.
Soma-se a tudo isso, já chegando na terra, rios que penetram por imensos manguezais, como o da Reserva Extrativista de Cassurubá, que tem mais de 10 mil hectares.
Segundo Zelinda Leão, se o óleo atingir os corais é muito provável que eles morram, dando início a uma reação em cadeia de total desequilíbrio do ecossistema. Sem os corais, os organismos satélites somem, levando embora também moluscos, crustáceos e peixes que deles se alimentam.
Na ponta da cadeia, estão as baleias jubarte, que todos os anos deixam o Polo Sul para se reproduzir nestas águas da Bahia - também graças aos corais.