Crise do petróleo no Nordeste: fragmentos de óleo são encontrados em Abrolhos, diz Marinha

A região de Abrolhos, no extremo sul da Bahia, tem a mais extensa bancada de corais do Brasil e resguarda a maior biodiversidade marinha da porção sul do Atlântico.

2 nov 2019 - 13h46
(atualizado às 13h58)
Fragmentos de óleo na praia norte da Ilha de Santa Bárbara, em Abrolhos
Fragmentos de óleo na praia norte da Ilha de Santa Bárbara, em Abrolhos
Foto: Divulgação/Marinha / BBC News Brasil

Pequenos fragmentos de óleo foram encontrados em Abrolhos neste sábado (2). A região, no extremo sul da Bahia, tem a mais extensa bancada de corais do Brasil e resguarda a maior biodiversidade marinha da porção sul do Atlântico.

A Marinha informou que foram retirados fragmentos de óleo em Ponta da Baleia, em Caravelas, e na Ilha de Santa Bárbara, em Abrolhos. A remoção foi feita pelo Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), formado pela Marinha, Agência Nacional de Petróleo (ANP) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

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A preocupação com a chegada do óleo em Abrolhos aumentou nos últimos dias. Na segunda-feira (28), surgiram os primeiros sinais de que, de fato, a mancha estava se aproximando de Abrolhos. Segundo a organização Conservação Internacional, pescadores retiraram do alto mar cerca de 40 quilos de óleo, perto da Reserva Extrativista (Resex) Canavieiras.

A entidade afirmou ainda que pequenas manchas já foram avistadas em praias das cidades de Belmonte e Santa Cruz Cabrália, que estão ao sul de Canavieiras e mais próximas ao núcleo central do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. Até ali, os sinais eram de que o material tinha chegado à região de Abrolhos, mas não ao parque nacional.

Na ocasião, a professora do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Zelinda Leão, que desde a década de 1970 estuda os recifes de coral ali presentes, disse que "nada poderia ser pior" que as manchas de óleo chegarem a Abrolhos.

Fragmentos de óleo na praia norte da Ilha de Santa Bárbara, em Abrolhos
Foto: Divulgação/Marinha / BBC News Brasil

Com a maior biodiversidade marinha da porção sul do Atlântico, o santuário na Bahia já tem mais de 1.300 espécies registradas entre fauna e flora.

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A região possui ainda a maior produção pesqueira da Bahia, movimentando aproximadamente R$ 100 milhões por ano e provendo sustento a mais de 20 mil famílias.

Não à toa, o Parque Nacional Marinho de Abrolhos, criado em 1983, é a primeira unidade de conservação marinha do país, protegendo o arco de recifes costeiros e o Arquipélago dos Abrolhos, formado por cinco ilhas.

Soma-se a tudo isso, já chegando na terra, rios que penetram por imensos manguezais, como o da Reserva Extrativista de Cassurubá, que tem mais de 10 mil hectares.

Segundo Zelinda Leão, se o óleo atingir os corais é muito provável que eles morram, dando início a uma reação em cadeia de total desequilíbrio do ecossistema. Sem os corais, os organismos satélites somem, levando embora também moluscos, crustáceos e peixes que deles se alimentam.

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Na ponta da cadeia, estão as baleias jubarte, que todos os anos deixam o Polo Sul para se reproduzir nestas águas da Bahia - também graças aos corais.

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