O jornal britânico The Guardian publicou na última quinta-feira (1º) uma imagem que mostra a silhueta do Cristo Redentor segurando um saco de dinheiro em uma mão e uma arma na outra.
A charge abre uma longa reportagem na qual o diário questiona se a Operação Lava Jato seria o "maior escândalo de corrupção da história", mas irritou a Igreja Católica, responsável pela gestão do monumento.
Em entrevista à TV Globo, o arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal Orani João Tempesta, disse que a ilustração é "ofensiva e desrespeitosa". "O Cristo Redentor é símbolo de uma nação e também símbolo de uma fé. Ao representar o Redentor desta forma, o Guardian ofende o povo brasileiro, porque isso é uma ofensa para o povo", declarou.
Segundo Tempesta, é "lamentável" que alguém não saiba "respeitar o povo brasileiro e os cristãos". "Nós lamentamos muito isso e pedimos que seja respeitada a imagem de Cristo", acrescentou. Já o reitor do santuário do Cristo Redentor, padre Omar Raposo, citado pelo portal G1, chamou a imagem de "agressiva".
"O povo brasileiro não pode ser caracterizado por ser violento e um povo que traz a corrupção na sua origem. Ao contrário, nós somos um povo trabalhador", afirmou. Monumento mais famoso do Brasil, o Cristo Redentor é usado com frequência pela imprensa estrangeira em matérias sobre a situação do país.
A revista britânica The Economist, por exemplo, já estampou a imagem da estátua três vezes nos últimos anos. Em 2009, uma capa da publicação mostrava o Cristo "decolando", em uma metáfora da expansão da economia brasileira. Quatro anos depois, usou a mesma foto, mas retratando o monumento caindo após sua decolagem.
Em 2016, a revista voltou a utilizar a estátua, desta vez a mostrando com uma faixa pedindo socorro por conta da crise política e econômica no Brasil.