O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se reuniu nesta terça-feira (21) com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, para tratar do pedido para suspender a ação penal em que ele foi citado por Júlio Camargo, um dos delatores do esquema de corrupção investigado na Operação Lava Jato.
Cunha e seu advogado, o ex-procurador-geral da República Antônio Fernando de Souza, reuniram-se com Lewandowski, por cerca de uma hora, para pedir agilidade na decisão. De acordo com Souza, o caso é urgente e merece uma decisão rápida, antes mesmo da manifestação do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba.
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Mais cedo, o presidente do Supremo pediu informações ao juiz sobre os depoimentos da Operação Lava Jato. Após receber as informações prestadas por Moro sobre o andamento do processo, o presidente deverá julgar a reclamação de Cunha.
"A reclamação diz respeito exclusivamente à autuação do juiz Moro. No que se refere à inquirição, quanto a fatos que dizem respeito ao deputado, já há um inquérito no Supremo, e esse inquérito é o local adequado para qualquer atividade instrutória própria", argumentou Souza.
Na semana passada, Camargo – ex-consultor da empresa Toyo Setal – disse em depoimento ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, que Eduardo Cunha pediu US$ 5 milhões de propina para que um contrato de navios-sonda da Petrobras fosse viabilizado. Durante a oitiva, Camargo comprometeu-se a falar a verdade por ter assinado acordo de delação premiada. Após a divulgação do depoimento, Cunha voltou a negar que tenha recebido propina de Júlio Camargo.
Os advogados pediram a suspensão do processo, por entenderem que cabe ao Supremo presidir o inquérito, em razão da citação do presidente da Câmara, que tem prerrogativa de foro. Cunha já é investigado em um inquérito aberto no STF para apurar se apresentou requerimentos para investigar empresas que pararam de pagar propina.
Na ação em que Cunha foi citado, são réus o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, o doleiro Alberto Youssef, o empresário Fernando Soares – conhecido como Fernando Baiano, acusado de arrecadar propina – e Júlio Camargo.