Da escravidão à ditadura: 10 filmes para entender o Brasil

Inspiração para o cinema, a história brasileira ajuda a compreender o presente

14 abr 2015 - 07h40
(atualizado às 07h40)

O Brasil, mais uma vez, passa por um período de crise econômica e política. Temas do momento, como alta do dólar e Operação Lava Jato se misturam com questões históricas e ideológicas - pedidos por golpe militar, diferenças entre classes sociais e a “ameaça” do comunismo não são discussões novas. Para entender o presente, é imprescindível olhar para o passado.

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O conhecimento histórico vem por diferentes meios, e o cinema pode ser um dos mais interessantes. Davi Rushel, professor de História do Colégio João Paulo I e do curso pré-vestibular Universitário, de Porto Alegre, acredita que o cinema é uma ferramenta importante para despertar a curiosidade histórica. “Os filmes são maneiras atraentes de levar a história ao público. Um atrativo a mais. Filmes ajudam a compreender os períodos, desde que não contenham grandes erros históricos”, afirma.

Mas saber quais filmes são mais fiéis à história nem sempre é simples. Para auxiliar na sua escolha, listamos 10 filmes que retratam a história do Brasil e permitem estabelecer relações com o contexto atual do país.

1. Quanto vale ou é por quilo (2005)

Direção: Sérgio Bianchi

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Foto: Reprodução

Inspirado no conto Pai contra Mãe, de Machado de Assis, o filme marca semelhanças entre dois períodos diferentes. No século 18, a escravidão transformava negros em mercadorias. Caçados pelos capitães do mato e negociados com senhores de terra, seres humanos eram apenas meios de buscar o lucro. Já na atualidade, o filme apresenta uma ONG que lucra com medidas assistencialistas e com a exploração da miséria. Para Rushel, a relação entre as desigualdades sociais e raciais apontadas na trama provocam uma boa reflexão sobre os problemas vividos no país.

2. Mauá - O Imperador e o Rei (1999)

Direção: Sérgio Rezende

Foto: Reprodução

Paulo Betti vive Irineu Evangelista de Sousa, gaúcho órfão de pai, que se tornaria Barão e depois Visconde de Mauá. Chegou a ser um dos homens mais ricos do Segundo Reinado e um dos pioneiros em diversos setores da indústria nacional. “Ajuda a refletir sobre as elites brasileiras e suas relações com o poder público”, comenta o professor de história.

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3. Guerra de Canudos (1997)

Direção: Sérgio Rezende

Foto: Reprodução

Na República Velha, Antônio Conselheiro (José Wilker) lidera um vilarejo com cerda de 25 mil sertanejos humildes em uma guerra contra a República. Ruschel ressalta que a luta entre camponeses do sertão nordestino e latifundiários, retratada no filme, é uma luta que ainda não foi superada no Brasil.

4. Olga (2004)

Direção: Jayme Monjardim

Foto: Reprodução

A história da militante comunista Olga Benário e seu romance com o brasileiro Luís Carlos Prestes, durante o governo constitucional de Getúlio Vargas e a 2ª Guerra Mundial. A única vez em que, segundo registros históricos, houve de fato um plano comunista de tomada do poder no Brasil. A “ameaça comunista” depois foi argumento para o Estado Novo, em 1937, para a tentativa de impedir a posse de João Goulart, em 1961 e para o golpe militar de 1964.

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5. Getúlio (2014)

Direção: João Jardim

Foto: Reprodução

A película mostra os últimos dias de Getúlio Vargas (Tony Ramos), quando enfrenta uma crise política que culmina com o seu suicídio. O professor Davi Ruschel destaca a articulação dos golpes políticos no País, mostrada no filme. Ela ainda lembra que com a morte em 1954, Vargas conseguiu adiar em 10 anos o golpe militar.

6. Jango (1984)

Direção: Silvio Tendler

Foto: Reprodução

O documentário conta a história de João Goulart, presidente deposto em 1964. “Vale a pena lembrar que Jango foi derrubado do poder por tentar realizar reformas profundas em nosso País. Elas afetariam os interesses das elites, que se articularam e utilizaram o clima de histeria anticomunista para solicitar uma intervenção dos militares”, comenta Ruschel.

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7. Batismo de Sangue (2007)

Direção: Helvécio Ratton

Foto: Reprodução

Nos anos 60, um grupo de frades dominicanos decide apoiar o grupo guerrilheiro liderado por Mariguella contra o regime militar. Os religiosos são presos e torturados. Para Ruschel, a obra se torna ainda mais importante “em uma época em que alguns pedem intervenção militar”.

8. Ação entre amigos (1998)

Direção: Beto Brant

Foto: Reprodução

Um grupo de amigos que foi torturado durante a ditadura encontra e sequestra o seu torturador, 25 anos depois. A impunidade pelos crimes cometidos na época, a Lei da Anistia e a Comissão Nacional da Verdade, são temas atuais que podem ser pensados a partir da trama.

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9. Ônibus 174 (2003)

Direção: Felipe Lacerda e José Padilha

Foto: Reprodução

O documentário narra a história do sequestro do ônibus 174, no Rio de Janeiro, em 2000 e também a vida do sequestrador, menino de rua, sobrevivente da chacina da Candelária. Ruschel define a obra como uma aula de sociologia e critica a cobertura da imprensa que transformou o sequestro em um espetáculo.

10. Notícias de uma guerra particular (1999)

Direção: Katia Lund e João Moreira Salles

Foto: Reprodução

O documentário mostra o cotidiano de traficantes e moradores da favela Santa Marta, no Rio de Janeiro, entre 1997 e 1998. Com entrevistas de policiais, moradores e traficantes, o filme conta a situação das pessoas com baixa renda e sua complexa relação com traficantes e policiais e a ausência do Estado.

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Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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