De dom Pedro 2° a Bolsonaro, atentados políticos fazem parte da história do Brasil

14 nov 2024 - 11h01

Diversos ataques de motivação política já ocorreram no país. Entre os mais famosos estão o Atentado de Julho e o do Riocentro.Ao longo da história, o Brasil foi palco de diversos atentados políticos. Esses ataques buscavam derrubar regimes, governantes ou conseguir apoio para a manutenção da ditadura. A DW listou alguns dos episódios mais marcantes dessa história.

Pelo fim da monarquia

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O episódio ficou conhecido como Atentado de Julho e repercutiu tanto na imprensa local quanto na europeia. Em 15 de julho de 1889, o imperador brasileiro dom Pedro 2° (1825-1891) saía do concerto da violinista italiana Giulietta Dionesi (1878-1911) no Teatro Sant'Anna, hoje Teatro Carlos Gomes, no centro do Rio. Um homem estava à sua espera.

Bem-vestido, ele gritava pedindo o fim da monarquia e a instituição do regime republicano. Até aí, tudo poderia estar dentro da normalidade, já que a pressão era grande para a derrubada do antigo regime naquele momento. Porém, o homem sacou um revólver e disparou contra a carruagem do imperador.

Ninguém foi atingido. O atirador fugiu mas, horas depois, acabou capturado e reconhecido — estava em um bar, embriagado, e se vangloriava para a freguesia que, não só tinha atirado contra o imperador, como estava disposto a fazer novamente, acertando melhor a mira.

Identificado como Adriano Augusto do Valle, um imigrante português desempregado de 20 anos de idade, sem ligação com o movimento republicano, o atirador acabou sendo liberado. O próprio imperador decidiu que era melhor deixar para lá para evitar uma repercussão ainda maior no caso que, em sua leitura, precipitaria novos atentados.

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Alguns meses depois, mais um político do alto escalão estaria no alvo. Pouco após a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, um atirador desconhecido disparou contra José da Costa Azevedo (1825-1904), o Barão de Ladário. No Segundo Império, ele ocupava o posto de ministro da Marinha e o ataque foi atribuído a algum republicano radical. Azevedo se feriu, mas escapou com vida.

Da República Velha ao Estado Novo

Em 5 de novembro de 1897, o presidente Prudente de Morais (1841-1902) foi a um evento para recepcionar as forças militares vitoriosas da Revolta de Canudos, ocorrida na Bahia. Jovem praça, do 10º Batalhão da Infantaria, Marcelino Bispo de Melo (1875-1898) apontou uma garrucha em sua direção. Mas não conseguiu dispará-la.

O ministro da Guerra, marechal Carlos Machado de Bittencourt (1840-1897), e o chefe da casa militar, coronel Luiz Mendes de Moraes (1850-1914), buscaram conter o revoltoso. Com uma faca, ele feriu o coronel e matou o marechal.

Com a popularidade em baixa, o governador da Bahia José Marcelino de Sousa foi ferido levemente por uma arma de fogo em 1906, quando estava a bordo do vapor Mauricio Wanderley, retornando de Nazaré a Salvador. O caso nunca foi completamente apurado. O senador José de Aquino Tanajura (1831-1918) era apontando como mandante, algo que ele sempre negou.

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O Atentado da Rua Tonelero foi a tentativa de assassinato do jornalista e político Carlos Lacerda (1914-1977), na madrugada de 5 de agosto de 1954, no Rio. O episódio é apontado como o ponto alto da crise política que levaria ao suicídio do presidente Getúlio Vargas (1882-1954) 19 dias mais tarde.

O pistoleiro foi o mestre de obras Alcino João do Nascimento (1922-2014). Ele não conseguiu matar Lacerda — mas deixou o jornalista ferido. O major-aviador Rubens Florentino Vaz (1922-1954), que fazia a segurança de Lacerda, foi alvejado no peito e morreu. Um guarda municipal também foi ferido.

Ditadura

O Atentado ao Aeroporto dos Guararapes, no Recife, foi uma ação provavelmente orquestrada pela Ação Popular (AP), organização de esquerda que lutou contra a ditadura no Brasil — embora alguns acreditem que tenha sido feita por um grupo isolado de dentro da AP. A ideia era matar o marechal Artur da Costa e Silva (1899-1969), ministro do Exército e apontado como o nome para a sucessão presidencial do regime.

No dia 25 de julho de 1966, era prevista a chegada de Costa e Silva ao Recife — mas de última hora ele fez o trajeto, de João Pessoa até lá, por terra, e não por avião. Uma bomba explodiu no saguão do aeroporto logo depois do desembarque do voo onde estaria Costa e Silva. Catorze pessoas ficaram feridas e duas morreram: o jornalista e secretário de governo de Pernambuco Edson Régis de Carvalho (1923-1966) e o almirante reformado Nelson Gomes Fernandes (?-1966).

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O caso do Riocentro, ocorrido na noite de 30 de abril de 1981, foi um ataque terrorista planejado por setores do próprio Exército Brasileiro com o objetivo de incriminar grupos de esquerda. Cerca de 20 mil pessoas estavam no Centro de Convenções Riocentro para o show em comemoração ao Dia do Trabalhador.

A série de explosões causaria uma tragédia. Mas uma execução desastrada desmantelou a operação. Uma das bombas explodiu longe do alvo, outra detonou antes da hora — danificando os demais explosivos. Por fim, as vítimas foram dois dos próprios militares terroristas. O sargento Guilherme Pereira do Rosário morreu na hora. O capitão Wilson Dias Machado ficou gravemente ferido.

Marielle e Bolsonaro

O ano de 2018 ficou marcado por dois atentados políticos no Brasil. O primeiro deles matou a tiros a então vereadora carioca Marielle Franco (1979-2018) e o seu motorista, Anderson Gomes, em 14 de março daquele ano, no Rio.

O caso gerou ampla comoção nacional e repercussão em todo o mundo. Depois de um longo processo de investigação, no dia 24 de março de 2024, foram presos como mandantes do atentado os irmãos empresários e políticos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, além do delegado Rivaldo Barbosa.

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No dia 6 de setembro de 2018, quando o então candidato à presidência Jair Bolsonaro fazia campanha em Juiz de Fora, ele levou uma facada na barriga. O ferimento foi grave. Bolsonaro precisou ser submetido a quatro cirurgias.

O autor do ataque, o servente de pedreiro Adélio Bispo de Oliveira, foi preso em flagrante. Bolsonaro seria eleito presidente da República menos de dois meses depois.

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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