Em uma manifestação recheada de críticas à atuação da Procuradoria-Geral da República, o advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, defensor do presidente Michel Temer, pediu nesta quarta-feira a rejeição pela Câmara de autorização para o julgamento da denúncia de corrupção passiva contra o chefe do Executivo pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo o advogado, não há provas que Temer tenha recebido os recursos de propina repassados pelo grupo J&F por intermédio do ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures. Ele lembrou que uma mala de dinheiro encontrada com Rocha Loures foi devolvida.
"O presidente recebeu? Quando que o presidente da República recebeu algum níquel? Ah, não, ele não recebeu diretamente, recebeu por intermédio de terceira pessoa, seria um assessor seu", questionou o advogado, em pronunciamento no plenário da Câmara durante sessão destinada a debater e votar a denúncia.
"Desejam ardentemente, ardorosamente, que esta mala fosse para o presidente da República", criticou.
Para Mariz, foi preparada uma "armação" extremamente prejudicial ao País. Ele disse que, embora tenha admiração pelo Ministério Público, o problema não é a instituição, mas sim os homens. "Não é possível o Ministério Público extrapolar os limites", disse ele, que ressalvou ter uma boa relação com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
O advogado disse que, em caso de rejeição da acusação, a denúncia voltará a tramitar em 2019 na primeira instância da Justiça, quando Temer deixará o Palácio do Planalto. Ele afirmou que o presidente não poderia, até lá, continuar sua agenda de reformas, que chamou de "missão redentora para o país".
"É apenas uma questão temporal, um ano e meio, será o presidente da República um facínora que não pode ficar solto?", questionou. "Deverá ser ele expulso do Palácio do Planalto que não pode ficar um ano e meio no cargo?", indagou.
O defensor perguntou se Temer cometeu barbaridades de tal monta que mereceria esta "pena cruel".