O Ministério da Defesa suspendeu nesta quinta-feira (6) uma operação de agentes ambientais contra garimpeiros ilegais em uma reserva indígena na Amazônia, alegando que a decisão foi tomada a pedido de indígenas que defendem o garimpo em suas terras.
A suspensão ocorreu após uma visita à reserva Munduruku pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, para se reunir com garimpeiros e indígenas que apoiam a mineração.
A operação na localidade havia começado na quarta-feira, com a destruição de equipamentos usados por garimpeiros que exploram ouro em rios dentro da reserva no Estado do Pará.
Organizações indígenas têm denunciado o desmatamento e a poluição de rios por garimpeiros ilegais que invadem reservas, incentivados pelos planos do presidente Jair Bolsonaro de desenvolver economicamente a Amazônia, incluindo as reservas indígenas.
Um comunicado do Ministério da Defesa disse que as operações nas terras Munduruku foram suspensas "para avaliação de resultados, atendendo à solicitação dos indígenas".
Representantes dos indígenas foram levados de avião para Brasília em um avião da Força Aérea para uma reunião no Ministério do Meio Ambiente, acrescentou o comunicado.
O Ibama, cuja equipe de elite destruiu equipamentos de mineração na reserva, não respondeu a um pedido de comentário.
Bolsonaro, que defende legalizar a mineração em reservas indígenas, criticou no passado a destruição de equipamentos de mineração usados por garimpeiros.
O desmatamento em territórios indígenas na floresta amazônica disparou nos primeiros quatro meses de 2020, aumentando 59% em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo uma análise do Greenpeace de dados oficiais.
A organização ambiental disse que 72% da mineração ilegal na Amazônia nos primeiros quatro meses deste ano ocorreu em terras indígenas ou em áreas de conservação.
No norte da Amazônia, uma corrida do ouro levou 20.000 garimpeiros a invadirem a reserva Yanomami, ameaçando o meio ambiente e a saúde da última grande tribo isolada do Brasil.