Dilma vai à Rússia para cúpula do G20 e deve cobrar EUA sobre espionagem

Denúncias de espionagem por agências americanas a dados particulares de Dilma e assessores entrarão na pauta de debates

2 set 2013 - 21h34
(atualizado às 21h53)
Dilma no Palácio do Alvorada nesta segunda-feira
Dilma no Palácio do Alvorada nesta segunda-feira
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

A presidente Dilma Rousseff viaja nesta segunda-feira para São Petersburgo, na Rússia, onde participará da 8ª Cúpula do G20, grupo de países que reúne as maiores economias mundias. Quinta e sexta-feira próximas, Dilma terá reuniões também com os chefes de Estado e de governo do Brics, bloco que, além do Brasil, é formado pela Rússia, Índia e China. Os temas em pauta são economia global e estabilidade financeira, medidas para estimular o crescimento sustentável e equilibrado, cooperação tributária e incentivos para a geração de emprego e reformas estruturais, além de energia, desenvolvimento inclusivo e combate à corrupção.

De acordo com assessores da presidente, entre os temas incluídos no debate estão recentes denúncias de espionagem, por agências americanas, inclusive envolvendo a invasão de dados particulares de Dilma e assessores. Na cúpula, ela deverá se encontrar com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de quem o governo brasileiro cobrou explicações sobre as denúncias.

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A previsão é que Dilma desembarque amanhã, por volta das 18h, no Aeroporto Internacional de São Petersburgo. Na quarta-feira, a presidente tem agenda privada. Para a quinta-feira, estão previstas reuniões com o presidente da China, Xí Jinping, e com os chefes de governo do Brics, além de um jantar oferecido pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Na sexta-feira, ela participará do encontro dos líderes do G20 com empresários, executivos e sindicalistas dos mesmos países, o chamado B20 (Business Twenty). A ideia é promover o crescimento global, por meio de investimentos e melhoria da infraestrutura, do restabelecimento da confiança no sistema financeiro, do comércio como motor de crescimento, da inovação e do desenvolvimento como prioridade global, e estimular a criação de postos de trabalho e emprego e investimento com transparência e combate à corrupção.

A Rússia está no comando do G20 até o ano que vem, quando entregará a presidência para a Austrália. O bloco, que engloba os países industrializados e as economias emergentes, reúne 90% do Produto Bruto Global e 80% do comércio mundial e dois terços da população do planeta.

Ao final da cúpula, os líderes políticos deverão assinar o chamado Plano de São Petersburgo, que é a declaração final, que servirá como base para os acordos do G20, definindo regulações financeiras a curto prazo e medidas para dar mais fôlego à economia mundial. O texto deverá incluir compromissos firmados pelo G20, já consagrados em reuniões multilaterais, e estímulos para a geração de emprego, informam autoridades russas. Para que os compromissos sejam incluídos na declaração, é preciso haver consenso de todos os participantes. 

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Espionagem americana no Brasil

Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.

Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília, pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.

Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O então ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.

O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.

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Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.

Após as revelações, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.

Agência Brasil
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