Em dia de pânico no mercado, Bolsonaro diz nos EUA que é leal 'às políticas econômicas de Paulo Guedes'

Em viagem aos EUA, ele diminuiu o tom em relação ao Congresso, alvo de manifestação marcada por seus apoiadores em 15 de março, e afirmou que a equipe econômica do governo está 'absolutamente tranquila'.

9 mar 2020 - 12h00
(atualizado às 13h36)
Bolsonaro e Trump jantaram no sábado (7/3): presidente americano disse que o país sempre 'ajudaria o Brasil'
Bolsonaro e Trump jantaram no sábado (7/3): presidente americano disse que o país sempre 'ajudaria o Brasil'
Foto: Tom Brenner/Reuters / BBC News Brasil

Na manhã desta segunda feira (09/03), enquanto o presidente Jair Bolsonaro se reunia com cerca de 350 empresários brasileiros em um hotel em Miami para reafirmar que "somos leais às políticas econômicas do sr. (ministro da Economia) Paulo Guedes", a Bolsa de Valores de São Paulo adotava o mecanismo do 'circuit breaker' — interrupção automática das atividades de compra e venda de ações — após registrar queda de 10% no índice Ibovespa.

O mercado financeiro internacional vive um dia de pânico em meio à desaceleração das economias forçada pela epidemia de novo coronavírus e pela disputa entre Arábia Saudita e Rússia sobre o ritmo da produção de barris de petróleo. A bolsa de valores de Nova York também adotou circuit breaker após cair mais de 7%.

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No Brasil, isso se refletiu em um aumento do dólar comercial para o patamar de R$ 4,80, queda de quase 25% nos valores das ações da Petrobras, e intervenção do Banco Central, com vendas de US$ 3 bilhões em reservas, embora o ministro da Economia tenha dito, em Brasília, que a equipe econômica está "absolutamente tranquila".

"Somos leais às políticas econômicas do sr. Paulo Guedes, qualquer um dos nossos ministros estão habilitados para enfrentar quaisquer desafios", disse Bolsonaro nos EUA.

Bolsonaro disse ainda que os princípios da economia brasileira são "a confiança acima de tudo, honrar compromissos, buscar retaguarda jurídica e garantias".

Guerra com o Congresso

Bolsonaro, que há três dias, em Roraima, chegou a apoiar abertamente as manifestações do dia 15 de março, que têm como alvo o Congresso Nacional, baixou o tom em relação ao Legislativo.

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"Vencemos o primeiro ano com muito sacrifício. Tivemos apoio do Parlamento na aprovação da reforma previdenciária, a mãe de todas as reformas, outras duas se apresentam pela frente. Conversei ontem rapidamente com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e ele falou que apesar de alguns atritos, que são muito normais na política, a Câmara fará sua parte buscando a melhor reforma, a administrativa e a tributária", afirmou Bolsonaro.

Após forte retração na semana passada, bolsas iniciaram a semana em queda por causa da queda brusca nos preços no petróleo
Foto: Spencer Platt/Getty Images / BBC News Brasil

Em Miami, ao evento organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), compareceram o senador republicano pela Flórida Rick Scott, o prefeito de Miami, Francis Suarez, o senador brasileiro Nelsinho Trad, o governador do Paraná, Ratinho Júnior, e os deputados federais Eduardo Bolsonaro e Daniel Freitas, famoso por ter quebrado, durante a campanha eleitoral de 2018, uma placa de homenagem com o nome da vereadora do PSOL Mariele Franco, assassinada no Rio de Janeiro.

Sem citar diretamente a Argentina, Bolsonaro disse ainda que "sabemos que não podemos dar trégua para a esquerda. Se não eles voltam, como voltaram em um importante país ao sul do nosso". O presidente voltou a dizer que o Brasil está "no caminho certo".

Imediatamente antes de falar, ele foi saudado pelo senador Scott, ex-governador da Flórida. "Eu estou convencido de que a eleição do presidente Bolsonaro vai ser uma mudança radical para os brasileiros, vai significar mais negócios e mais empregos."

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