No pior momento da pandemia de Covid-19 no país, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira que "criaram pânico" em torno da nova doença e voltou a criticar medidas mais restritivas adotadas por governadores para conter a disseminação do vírus.
Bolsonaro disse ainda, em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, que seu pronunciamento, quando ocorrer, tratará da pandemia e das vacinas, e aproveitou para defender a atuação no processo de imunização.
"Criaram pânico, né? O problema está aí, lamentamos. Mas você não pode entrar em pânico. Que nem a política, de novo, do fique em casa. O pessoal vai morrer de fome, de depressão?", disse a um dos apoiadores.
As declarações de Bolsonaro ocorrem após o Brasil ter registrado na terça-feira recorde de mortes por Covid-19 em um único dia, com 1.641 novos óbitos, elevando o total desde o início da pandemia para 257.361. Mais de 10,6 milhões de pessoas já foram infectadas pelo novo coronavírus.
Mesmo um órgão federal, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), destacou, em nota técnica publicada na terça-feira, que a rápida aceleração da pandemia verificada desde janeiro resultou no pior cenário de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 em vários Estados e capitais do país, com 19 unidades da Federação apresentando taxas de ocupação de leitos superiores a 80%.
Nesta quarta-, Bolsonaro aproveitou a conversa com apoiadores para atacar a imprensa, afirmando que ignorá-la é a "maneira" de "pensar em coisas sérias". O presidente disse ainda que "para a mídia, o vírus sou eu".
"Se você ler a imprensa, você não consegue viver. Então, faz o que eu faço: cancelei desde o ano passado todas as assinaturas de jornais e revistas", afirmou.