A expectativa de estabilização no número de casos novos de coronavírus no Brasil não se confirmou e o país voltou a registrar aceleração da Covid-19 na semana passada, em meio a um avanço da epidemia pelo interior do país, e agora 88,6% das cidades já foram atingidas pela doença respiratória provocada pelo vírus.
Depois de apontar para o possível início de um platô no número de novas infeccções, com cerca de 30 mil casos novos registrados por dia, o Ministério da Saúde reconheceu nesta quarta-feira que a estabilização não se confirmou, após o país registrar um recorde de 217.065 infecções na semana encerrada em 20 de junho.
"Na última semana você tem um aumento dessa curva bastante interessante", afirmou o secretário de Vigilância em Saúde Arnaldo Correia em entrevista coletiva no Palácio do Planalto. "Parecia que a curva estava chegando a um certo platô e daí entre a semana 24ª para a 25ª nós tivemos um aumento de 22%."
O ministério havia apontado para um possível platô depois que os casos tiveram aumento de apenas 2% entre as semanas epidemiológicas de número 23 e 24, mas a explosão na semana 25 jogou por água abaixo essa expectativa.
Dados da atual semana apontam para um novo crescimento, uma vez que o país registrou mais de 80 mil novos casos apenas nos últimos dois dias.
O ministério informou que foram registrados nesta quarta-feira 42.725 novos casos da doença, elevando o total no país a 1.188.631. O número diário é o segundo maior registrado desde o início da pandemia, superando os 39.436 casos da véspera e abaixo apenas da cifra verificada na última sexta-feira, quando o país notificou um recorde de 54.771 casos por causa de uma instabilidade em contagens estaduais no dia anterior, segundo a pasta.
AVANÇO PELO PAÍS
De acordo com números do ministério, 4.937 municípios brasileiros já registraram casos confirmados de Covid-19, o que representa 88,6% dos 5.570 municípios do país. Em comparação, no início do mês eram 4.170 cidades com casos de Covid-19, o equivalente a 75%.
Em relação ao número de mortes, o Brasil registrou nesta terça mais 1.185 óbitos em decorrência da Covid-19, atingindo um total de 53.830. O país atingiu um certo platô nas últimas semanas em termos de mortes por Covid-19, com cerca de 1.200 óbitos por dia útil (nos finais de semana há uma queda por atraso nos registros).
Até o momento, 2.374 municípios registraram óbitos em consequência da Covid-19, o que representa 42,6%.
O país é o segundo do mundo com maior número de casos e mortes devido ao vírus, atrás apenas dos Estados Unidos, que possuem cerca de 2,3 milhões de infecções confirmadas e 121 mil óbitos. A pandemia, porém, vem apresentando maior aceleração no Brasil do que nos EUA, uma vez que o Brasil tem registrado mais casos do que os EUA.
Apesar da aceleração da pandemia no Brasil, muitas cidades e Estados iniciaram processos de reabertura econômica e flexibilização do isolamento social, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro, os Estados mais afetados pelo coronavírus no país.
Segundo dados do ministério, São Paulo possui 238.822 casos e 13.352 mortes. O Rio de Janeiro vem na sequência na contagem do ministério, com 103.493 infecções, além de 9.295 mortes. O Ceará tem 99.578 infecções e 5.815 óbitos, acrescentou a pasta.
Os dados foram atualizados às 18h desta quarta-feira. O Brasil, ainda de acordo com o ministério, possui 649.908 pacientes recuperados da Covid-19 e 484.893 em acompanhamento. A taxa de letalidade da doença no país é de 4,5%.
O Ministério da Saúde também apresentou nesta quarta-feira o que afirmou ser um novo programa de testagem da Covid-19, mas não houve mudanças significativas em relação ao que já havia sido anunciado em maio em um primeiro programa para ampliar os testes.
A meta do governo continua sendo realizar cerca de 46 milhões de testes no total, sendo 24,5 milhões de testes moleculares e 22 milhões de testes sorológicos. Até o momento, os laboratórios oficiais realizaram 860.604 exames moleculares, de acordo com o ministério.
Desde o início da pandemia, a baixa capacidade de realizar testes é apontada como uma das principais fraquezas do Brasil para enfrentar o novo coronavírus. Na segunda-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou para uma subnotificação de casos no país devido à pouca testagem.