O ex-presidente Jair Bolsonaro convocou ministros e militares a agir em uma tentativa de golpe durante reunião em 2022, segundo mostra um vídeo divulgado nesta sexta-feira (9) pelo jornal O Globo.
"Nós sabemos que se a gente reagir depois das eleições, vai ter o caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira", afirma o então presidente no vídeo gravado por seu ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, que fez acordo de delação premiada com a Polícia Federal.
"Agora, quem tem dúvida de que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições", acrescenta Bolsonaro no vídeo de mais de uma hora. "Nós não podemos deixar acontecer o que está pintando", diz.
A reunião ocorreu em 5 de julho de 2022 e teve as presenças dos generais Augusto Heleno, então ministro do Gabinete de Segurança Institucional, e Walter Braga Netto (PL), candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro. Ambos foram alvos de mandados de busca e apreensão nesta semana.
Visivelmente irritado, Bolsonaro chama o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de "Satanás" e faz ofensas contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Alberto Barroso, Alexandre de Moraes e Edson Fachin.
Segundo a Polícia Federal, a reunião revela o "arranjo e a dinâmica golpista no âmbito da alta cúpula do governo".
Esse vídeo é considerado uma peça central da Operação Tempus Veritatis, deflagrada na quinta-feira (8) pela PF e autorizada por Moraes.