O episcopado brasileiro iniciou o processo para solicitar a beatificação do bispo Dom Helder Câmara (1909-1999), um dos pioneiros da Teologia da Libertação e que, durante a ditadura, era chamado de "bispo vermelho" pelos militares.
A iniciativa foi anunciada pelo arcebispo de Olinda e Recife, Antônio Fernando Saburido, e já obteve respaldo de todos os bispos do nordeste, afirmaram nesta sexta-feira à Agência Efe fontes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Saburido redigiu e apresentou a carta que será enviada ao Vaticano no próximo mês de agosto, quando se completam os 15 anos da morte do religioso, para pedir a abertura do processo de beatificação - e canonização, posteriormente - de um dos prelados mais conhecidos no Brasil, principalmente entre os mais pobres.
"Vamos apresentar o pedido perante a Congregação para a Causa dos Santos. Don Helder tem fama de santidade. Ele morreu há 15 anos e, portanto, já completou o tempo exigido para iniciar esta causa", afirmou o arcebispo de Olinda e Recife.
A iniciativa de Saburido foi respaldada de forma unânime pelos integrantes da regional da CNBB no nordeste do Brasil e destacada hoje em comunicado pela arquidiocese do Rio de Janeiro.
Nascido na cidade de fortaleza em fevereiro de 1909, Câmara foi ordenado sacerdote em agosto de 1931 e, desde então, é considerado como um dos maiores defensores dos pobres, principalmente no nordeste do país.
"Se dou comida aos pobres, me chamam santo. Se pergunto por que os pobres não têm comida, me chamam de comunista", disse o religioso em uma ocasião ao falar sobre o rótulo de "bispo vermelho" dado pelos militares.
Câmara, reconhecido por seu trabalho em defesa dos direitos humanos, do diálogo mundial e do ecumenismo, assim como por sua clara opção pelos pobres, morreu no dia 27 de agosto de 1999 aos 90 anos na humilde casa em que residia em Recife, cidade na qual exercia a posição de arcebispo emérito de Olinda e Recife.