Após a Polícia Federal (PF) deflagrar a segunda fase da operação Venire, que investiga a falsificação de certificados de vacinas contra a covid-19, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que as pessoas não precisam se preocupar com ele e que escolheu "esse caminho e sou um homem muito feliz."
A declaração foi dada na manhã desta quinta-feira, 4, à coluna da jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo. Ainda nesta quinta, a PF decidiu indiciar o ex-presidente nos inquéritos do cartão de vacina e da venda ilegal de joias. Aliados de Bolsonaro também foram indiciados.
A coluna havia questionado o ex-presidente se ele tinha lido a notícia de seu indiciamento. Sem responder diretamente à pergunta, ele enviou um vídeo com a mensagem:
'Por falta de conhecimento...... meu povo pereceu.
'Deus, Pátria, Família e Liberdade.
Não se preocupem comigo.
Eu escolhi esse caminho.
Sou um homem muito feliz.
Bom dia a todos.
Jair Bolsonaro."
O ex-presidente já havia usado um trecho desta mesma mensagem na legenda de uma publicação de 2022, em seu perfil no Instagram, uma referência ao versículo de Oséias 4:6, conhecido por cristãos como um comentário sobre a falta do conhecimento de Deus e como isso levará o homem à ruína.
Operação Venire
Nesta quinta, investigadores da PF cumprem mandados de busca e apreensão contra agentes públicos de Duque de Caxias (RJ). Segundo a Polícia Federal, eles teriam viabilizado a inserção de dados falsos no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI).
Os alvos da operação são o ex-prefeito de Duque de Caxias e atual secretário de Transportes do Estado do Rio de Janeiro, Washington Reis (MDB), e Célia Serrano da Silva, secretária de Saúde do município.
Dois mandados de busca e apreensão serão cumpridos na capital fluminense e em Duque de Caxias. A PF também busca identificar outras pessoas que foram beneficiadas pelo esquema fraudulento, por meio da operação.
Dados dos sistemas do Ministério da Saúde mostram que o ex-presidente Jair Bolsonaro teria recebido duas doses de vacinas contra a covid-19, no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias nos dias 13 de agosto e 14 de outubro de 2022.
A suposta falsificação teria com objetivo permitir a entrada de Bolsonaro e seus familiares e auxiliares nos Estados Unidos, em uma tentativa de burlar a regra de vacinação obrigatória para entrada no país.
No penúltimo dia de seu mandato, Jair deixou o Brasil e foi para os EUA. Segundo a Polícia Federal, os dados foram inseridos no sistema no dia 21 de dezembro, pelo secretário municipal de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha, e 6 dias depois, as informações foram removidas por Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, sob alegação de “erro”.
Já no dia 27 de dezembro, um computador com registro do Palácio do Planalto acessou o ConecteSUS para gerar certificados de vacinação para impressão. Na época, Bolsonaro disse que não tomou nenhuma vacina, e que não houve fraude nos registros de saúde dele e da filha.