"Esquerda diz que tudo é golpe", reclama Bolsonaro em evento

Presidente não reparou microfones e acabou sendo flagrado

5 dez 2019 - 14h00
(atualizado às 14h15)
Presidente Jair Bolsonaro durante reunião do Mercosul em Bento Gonçalves
05/12/2019 REUTERS/Ueslei Marcelino
Presidente Jair Bolsonaro durante reunião do Mercosul em Bento Gonçalves 05/12/2019 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Sem notar que ainda estava com microfone aberto, o presidente Jair Bolsonaro foi pego nesta quinta-feira fazendo uma crítica às esquerdas da América do Sul e reclamando de que quando "eles perdem" eleições acusam o processo de ser um golpe.

A fala, captada ao final da reunião de presidentes do Mercosul, quando o presidente entregou o martelo que representa a presidência pro-tempore do bloco ao paraguaio Mario Abdo Benitez, foi feita logo depois da vice-presidente do Uruguai, Lucía Topolansky, ter afirmado que houve uma "quebra institucional" na Bolívia.

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Sem notar que os microfones ainda estava captando sua fala, Bolsonaro resolveu fazer uma brincadeira.

"Queria continuar presidente (do Mercosul), não dá para dar um golpe não?", disse a Abdo, continuando em seguida. "Tudo quando eles perdem, diz que é golpe. É impressionante né?"

Os problemas na Bolívia foram um dos únicos pontos polêmicos entre os presidentes durante o encontro do Mercosul.

Topolansky, em sua fala, afirmou que "na democracia não existem atalhos". Já a chanceler boliviana, Karen Longaric, representando a autoproclamada presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, afirmou que não se pode falar em quebra institucional em seu país quando a Assembleia Nacional continua funcionando.

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"Como se pode dizer que houve golpe de Estado se a Assembleia continua funcionando, com representantes do partido que deixou o governo, e acaba de aprovar por unanimidade a convocatória eleitoral?", disse Longaric.

"Na Bolívia não houve uma quebra de institucionalidade. A força moral do povo boliviano que obrigou Evo Morales a deixar a Presidência."

Dos quatro países do bloco, apenas o Brasil reconheceu imediatamente o governo de Áñez, apesar de Argentina e Paraguai terem apoiado uma transição no país.

Em seu discurso, o presidente da Argentina, Maurício Macri, defendeu mais uma vez a urgência de que o novo governo boliviano marque novas eleições para breve, ao que a chanceler respondeu que isso será feito logo e convidou os países do Mercosul a acompanhar o pleito.

Bolsonaro disse ainda, ao responder o discurso de Longaric, que espera ver em breve a Bolívia como membro pleno do Mercosul. O protocolo de adesão do país já foi assinado, mas precisa ser aprovado pelos Parlamentos dos outros quatro membros, o que até agora não aconteceu.

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