O Brasil está perdendo a batalha contra o coronavírus, disse nesta terça-feira o presidente do Instituto Butantan e coordenador do centro de contingência da Covid-19 de São Paulo, Dimas Covas, que fez um apelo para que a população permaneça em casa durante os feriados antecipados desta semana.
"Estamos perdendo essa batalha contra o vírus, essa é a realidade. O vírus neste momento está vencendo a guerra", disse, em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.
"Esses dias que se aproximam, esses feriados, eu não enxergo como feriado, mas eu enxergo como dias de batalha, os dias mais importantes nessa batalha contra o vírus. Nesses dias, a população terá oportunidade de fazer a sua parte, de mostrar que o vírus pode ser contido", afirmou Covas.
Ele disse que a epidemia de Covid-19, doença respiratória provocada pelo novo coronavírus, está em ascensão no Brasil. Também lembrou que na segunda-feira o país tornou-se o terceiro com maior número casos de doença, "disputando" com a Rússia o segundo lugar, atrás apenas dos Estados Unidos.
A Câmara dos Vereadores da cidade de São Paulo aprovou na segunda-feira proposta do prefeito Bruno Covas (PSDB) para antecipar os feriados de Corpus Christi, previsto para 11 de junho, e da Consciência Negra, marcado para 20 de novembro, para a quarta e a quinta-feira, além da decretação de ponto facultativo na sexta.
Além disso, o governador João Doria (PSDB) propôs à Assembleia Legislativa do Estado a antecipação do feriado de 9 de julho para a segunda-feira. As antecipações visam elevar as taxas de isolamento social no Estado, que têm ficado abaixo de 50% em dias de semana.
Dimas Covas disse que a expectativa das autoridades de saúde paulistas é que o isolamento fique acima de 55% e, idealmente, ultrapasse os 60% nos dias de feriado antecipados.
"A população tem papel fundamental nessa batalha. Se ela demonstrar que é possível, se ela demonstrar que os índices de isolamento podem aumentar a valores próximos de 60%, ela estará demonstrando que nós podemos reverter essa luta. Nós estamos perdendo, nós podemos passar a um equilíbrio e eventualmente nós podemos começar a vencer", disse.
O coordenador de centro de contingência do Estado sinalizou que o atual decreto de quarentena no Estado, com validade até 31 de maio, deve ser prorrogado. Também afirmou que a elevação do isolamento social, medida preconizada pela Organização Mundial da Saúde para frear a disseminação do vírus, pode evitar que medidas mais restritivas, como eventual lockdown, sejam adotadas.
"É um esforço enorme neste momento para que medidas mais duras, que virão a prejudicar a todos, não sejam necessárias", disse.
"Temos que, sim, reforçar as medidas, e as medidas durarão por um bom tempo até que nós tenhamos o controle."
Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado, há 65.995 casos confirmados de Covid-19 em São Paulo e a doença já matou 5.147 pessoas. A ocupação dos leitos de UTI (unidades de terapia intensiva) está em 71,4% em todo o Estado e em 88% na região metropolitana da capital paulista.
Nacionalmente, de acordo com números do Ministério da Saúde, existem 254.220 casos confirmados de Covid-19, com 16.792 mortes.