Ex-aliado de Cunha é indicado para Ministério da Justiça

23 fev 2017 - 15h42
(atualizado às 16h02)

Deputado paranaense Osmar Serraglio, do PMDB, chegou a defender anistia para ex-presidente da Câmara. Também já criticou Janot e votou a favor da punição de juízes e procuradores por abuso de autoridade.O deputado parananese Osmar Serraglio, do PMDB, foi indicado pelo presidente Michel Temer como novo ministro da Justiça, segundo a imprensa brasileira. O Planalto deve anunciar oficialmente a escolha ainda nesta quinta-feira (23/02).

Deputado paranaense Osmar Serraglio, do PMDB, chegou a defender anistia para ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha
Deputado paranaense Osmar Serraglio, do PMDB, chegou a defender anistia para ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha
Foto: Gilmar Felix/ Câmara dos Deputado

O deputado vai ocupar a vaga deixada por Alexandre de Moraes, que era filiado ao PSDB e que deixou a pasta ao ser indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF).

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Advogado e professor de direito,o político de 68 anos é filiado ao PMDB desde 1978 e é deputado desde 1999. A escolha de Serraglio atende uma demanda do PMDB por mais espaço na Esplanada dos Ministérios.

Trajetória e proximidade com Cunha

Como deputado, ficou conhecido nacionalmente nos anos 2000 ao assumir a relatoria da CPI dos Correios, que também apurou as denúncias do escândalo do Mensalão no governo Lula. No início da CPI, a indicação de seu nome contou com o apoio dos petistas, mas ao final dos trabalhos a relação com os aliados ficou estremecida.

Nos anos seguintes, Serraglio seria identificado como um aliado do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB). No final de abril de 2016, após a passagem do impeachment na Câmara, o deputado chegou a declarar ser favorável a uma espécie de anistia para seu colega de partido, que à época era alvo de um processo de cassação no Conselho de Ética da Casa.

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"Eduardo Cunha exerceu um papel fundamental para aprovarmos o impeachment da presidente. Merece ser anistiado", disse ele em abril de 2016 ao site Congresso em Foco. À época, o deputado disse que sua frase havia sido retirada de contexto.

Em março do mesmo ano, Serraglio foi um dos defensores do desembarque do PMDB do governo Dilma Rousseff, o fato político que erodiu o que restava da base de apoio da ex-presidente no Congresso. Semanas depois, o deputado também votou a favor do afastamento da petista.

Pouco depois, Serraglio assumiu a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara com apoio de Cunha. A escolha levantou dúvidas se a sua atuação seria no sentido de ajudar o aliado, já que a comissão exerce bastante influência no Conselho de Ética. Serraglio também chegou a declarar à imprensa que o processo contra Cunha "não ia dar em nada".

No entanto, dias depois da posse Serraglio na CCJ, Cunha acabou sendo afastado da presidência da Câmara por ordem do STF. Após o afastamento de Cunha e a perda de influência do deputado, a postura de Serraglio mudou, e a CCJ negou diversos recursos de Cunha. O processo no Conselho de Ética acabaria resultando na cassação do deputado fluminense.

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Lava Jato

A indicação de Serraglio para o Ministério da Justiça não foi a primeira opção de Temer. Antes que o nome fosse cogitado, o presidente convidou o ex-ministro do STF Carlos Velloso, que recusou o convite.

A chegada de Serraglio ao ministério ocorre num momento em que o Brasil é sacudido por diferentes crises na área da segurança pública, como motins em prisões e greves de policiais militares. Também existe desconfiança sobre as intenções do governo Temer em relação à condução da Operação Lava Jato.

No episódio da votação das dez medidas anticorrupção pela Câmara em dezembro passado, que resultou na desfiguração do pacote, Serraglio votou a favor da punição de juízes e de procuradores por abuso de autoridade, medida que não constava originalmente no texto.

Em março de 2015, o deputado também criticou o procurador-geral Rodrigo Janot em entrevista a uma rádio. Segundo Serraglio, a lista de Janot, que continha os nomes de políticos suspeitos de envolvimento no esquema de desvios na Petrobras, era uma "cortina de fumaça".

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"Por que no meio de bilhões desviados, está focando em alguém que recebeu 50 mil, 100 mil [reais]? Está errado e tem que punir. Mas é esse o foco?", questionou. "Aparentemente o que se está fazendo é jogando lama em cima dos parlamentares para que eles se desmoralizem, e eles não possam investigar. Por que essa evidência toda, esse oba-oba em cima do Congresso?", disse.

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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