A exposição do cargo em um ano eleitoral e a possibilidade de assumir a presidência da República nas viagens oficiais de Michel Temer têm motivado quase duas dezenas de parlamentares a disputar o cargo em um mandato tampão na Câmara. O pleito para escolher o novo presidente deve ocorrer na próxima quarta-feira (13), a partir das 16h.
Oficialmente, deputados usam o discurso de valorização do Legislativo e de tirar a Casa da inércia instalada desde que o primeiro vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA) assumiu a presidência de forma interina. Ele está no cargo desde 5 de maio, quando os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) determinaram o afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
No entanto, a necessidade de uma eleição ser convocada veio apenas na última quinta-feira (7), quando Cunha renunciou à presidência. Líderes já vinham discutindo a sucessão ao peemedebista, sempre com o discurso de que era preciso tirar a Câmara do marasmo presente nos últimos meses. Porém, para o grupo de deputados que formam o “baixo clero” - parlamentares de pouca expressão nacional -, o interesse é outro.
Eles contam também com a possibilidade de, caso eleitos, sentarem alguns dias no gabinete da presidência da República, no Palácio do Planalto. “Como o presidente Michel Temer terá muitas viagens ao exterior, o presidente da Câmara terá um papel fundamental e muito importante neste processo, porque vai ser presidente a República em vários momentos”, reconheceu o líder do DEM, Pauderney Avelino (DEM-AM).
Um dos primeiros destinos de Temer, caso o afastamento de Dilma Rousseff seja confirmado pelo Senado em agosto, deve ser a China. A intenção é assinar um contrato de comércio e serviços com o país. Ou seja, mantida a tendência de os senadores aprovarem o impeachment de Dilma, o próximo presidente da Câmara já teria uma interinidade no Planalto pela frente.
Para o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), a possibilidade de ser presidente da República de forma interina não é um atrativo para a disputa. Ele garante também que não é para outros que ele conversou até o momento. O líder do PSD na Câmara entende ser preciso “otimizar o trabalho”, trabalhar por uma pauta de interesse do Legislativo e respeitar a produção das comissões e as decisões do colégio de líderes.
Até o momento, estão inscritas as candidaturas de Fausto Pinato (PP-SP), Carlos Henrique Gaguim (PTN-TO), Carlos Manato (SD-ES), Marcelo Castro (PMDB-PI), Fábio Ramalho (PMDB-MG), Heráclito Fortes (PSB-PI) e Giacobo (PR-PR). Além deles, também devem participar do pleito parlamentares como Cristiane Brasil (PTB-RJ), Esperidião Amin (PP-SC), Júlio Delgado (PSB-MG), Beto Mansur (PRB-SP) e Rosso, apontado como um dos favoritos.
Mesmo antes das regras serem definidas, deputados já distribuíam material de campanha pela Câmara. Gaguim e Cristiane Brasil têm cabos eleitorais nas principais entradas da Casa. Rosso, mesmo antes de oficializar sua candidatura na Secretaria-Geral da Mesa, passava pelo aplicativo WhatsApp um folder com suas principais propostas.