A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) reduziu nesta terça-feira em mais de 10 milhões de doses o número de vacinas a serem entregues ao Ministério da Saúde no mês de abril, passando de uma previsão inicial de 30 milhões para 18,8 milhões.
O novo número foi apresentado pela presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, em audiência no Senado.
De acordo com a presidente da Fiocruz, a diferença tem relação com fatores de processo técnico, incluindo um período de 20 dias de teste após a fabricação, e também com a chegada do insumo farmacêutico ativo (IFA) importado da China.
"A gente está trabalhando aqui com os números mais próximos da realidade possível, sendo que a nossa orientação é acelerar esse cronograma, só que eu diria que ele está no limite", disse Nísia na audiência.
"A discrepância tem a ver com isso. Então, nós vamos produzir mais em abril do que está aqui como entrega, mas tem que passar por esses testes", acrescentou.
De acordo com calendário do Ministério da Saúde divulgado anteriormente, a Fiocruz entregaria 30 milhões de doses em abril -- finalmente ampliando a escala de fabricação após uma série de atrasos que levou a fundação a entregar, até o momento, apenas 500 mil doses do imunizante envasadas localmente.
O diretor da unidade da Fiocruz produtora de imunobiológicos, Maurício Zuma, chegou a dizer em entrevista à Reuters no mês passado que a Fiocruz assumiria um "protagonismo" no Programa Nacional de Imunização em abril com as cerca de 30 milhões de doses previstas.
A redução das doses da Fiocruz representa mais um baque no lento processo de vacinação brasileira contra a Covid, no momento em que o país atravessa sua pior crise e se tornou o epicentro da pandemia no mundo.
Apenas 2,6% da população brasileira com mais de 18 anos foi vacinada com as duas doses, de acordo com levantamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), enquanto o percentual que recebeu a primeira dose é de 7,6% -- o que corresponde a 12,1 milhões de pessoas.
A promessa original do Ministério da Saúde era distribuir 45,9 milhões de doses apenas no mês de março, mas esse total foi reduzido para entre 25 milhões e 28 milhões por problemas na importação de doses da Índia e por atraso da Fiocruz em sua produção.
(Com reportagem de Maria Carolina Marcello em Brasília)