Fuga de detentos em Mossoró teve ajuda de facção e viagem de barco de seis dias; veja a cronologia

PF anunciou, nesta quinta-feira, 4, a recaptura dos fugitivos em Marabá (PA), a 1.600 quilômetros da Penitenciária Federal de Mossoró

4 abr 2024 - 16h34
Veja o momento em que fugitivos do presídio de Mossoró são presos e chegam à PF
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A Polícia Federal (PF) recapturou os dois fugitivos que escaparam da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Após 50 dias de fuga, Rogério da Silva Mendonça, de 35 anos, e Deibson Cabral Nascimento, de 33, foram localizados em Marabá (PA), a 1.600 quilômetros do presídio de segurança máxima. A fuga foi a primeira registrada na história do sistema penitenciário federal do País. 

 Ao todo, mais de 600 homens participaram das buscas, incluindo equipes da Força Nacional e grupos de elite da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal. Foram utilizados helicópteros, drones, cães farejadores e equipamentos de monitoramento. No percurso, os criminosos invadiram três casas e chegaram a fazer uma família refém. 

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Penitenciária Federal de Mossoró
Penitenciária Federal de Mossoró
Foto: Reprodução/Secretaria Nacional de Políticas Penais

Confira o histórico da fuga:

  • 14/02: Na madrugada de Quarta-Feira de Cinzas, Rogério e Deibson escaparam da Penitenciária Federal de Mossoró após abrirem passagem pelo buraco da luminária das celas. Eles conseguiram acesso ao pátio externo e cortaram duas cercas de arame de uma obra que acontecia no local. A fuga foi percebida pelos agentes penais três horas depois; 
  • Mais tarde, no mesmo dia, invadiram uma casa a cerca de 7 km da penitenciária. Eles levaram roupas e pertences. Na ocasião, o diretor do presídio foi afastado pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandovski;
  • 16/02: Equipes de busca encontraram roupas e pegadas na área rural de Mossoró. Um lençol, levado da casa invadida, também foi achado. Mais tarde, os policiais também encontraram uma camiseta do uniforme da penitenciária; 
  • Na ocasião, interceptadores identificaram o sinal de um celular que foi levado pelos criminosos de uma segunda casa invadida após a fuga, registrado na divisa entre Rio Grande do Norte e Ceará;
  • 22/02: A Polícia Federal executou as primeiras prisões de envolvidos com a fuga --dois foram presos no Rio Grande do Norte, em um carro com armas e drogas, e outro no Ceará, que tinha um mandado de prisão pendente em seu nome; 
  • 23/02: A Força Nacional desembarcou em Mossoró para auxiliar nas buscas pela dupla; na ocasião, o irmão de Deibson foi preso no Acre, também como parte das investigações sobre a fuga;
  • 24/02: Policiais encontram outro endereço usado como esconderijo pelos fugitivos entre os dias 17 e 23 de fevereiro. A PF também anunciou recompensa de R$ 30 mil por informações que levassem ao paradeiro dos criminosos;
  • 25/02: O dono da chácara onde os fugitivos se esconderam foi preso, sob suspeita de ter recebido R$ 5 mil para abrigar os criminosos. Dias depois, ele passou por audiência de custódia e permaneceu detido; 
  • 29/02: Dois homens em atitude suspeita foram vistos na área rural de Baraúna (RN) e a região ficou sob cerco; horas depois, a equipe de buscas confirmou que se tratavam dos fugitivos; 
  • 3/03: Um novo cerco foi montado na área rural de Baraúna, após a suspeita de que os fugitivos invadiram propriedades rurais e agrediraram um morador - foi a última vez que eles foram avistados antes da prisão; 
  • 18/03: Após fugirem em direção ao Ceará, os criminosos saíram da cidade de Icapuí (CE), em um barco pesqueiro, à Ilha de Mosqueiro, em Belém, no Pará. A viagem, segundo as investigações, durou seis dias. Eles chegaram à capital paraense em 24 de março; 
  • 30/03: A Força Nacional encerrou a participação nas buscas pelos fugitivos de Mossoró depois de 45 dias - em nota, o Ministério da Justiça informou que a abordagem ao caso passou para estratégias de 'inteligência'; 
  • 04/04: A PF fazia o monitoramento de três veículos que, segundo as investigações, eram usados para encobrir a fuga dos criminosos. A abordagem aconteceu em uma ponte que passa sobre o Rio Tocantins - ao todo, seis pessoas foram presas, incluindo Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento. 
Foto mostra buraco na parede da cela de presídio federal onde dois presos fugiram em Mossoró
Foto: Reprodução/GloboNews

Ajuda do lado de fora 

Durante o período em que estiveram foragidos, Deibson e Rogério teriam sido auxiliados por uma rede de apoio externa ao presídio. Pelo menos oito pessoas foram detidas. O último a ser capturado foi o mecânico Ronaildo Fernandes, que teria recebido R$ 5 mil em sua conta para repassar aos fugitivos. 

Fernandes é o proprietário da terra em Baraúna, na divisa entre Rio Grande do Norte e Ceará, onde a dupla permaneceu escondida por oito dias. No local, Nascimento e Mendonça se abrigaram em uma cabana improvisada no meio da plantação e escavaram buracos para evitar a detecção por drones e helicópteros que patrulhavam a região, situada a cerca de 30 quilômetros do presídio.

O mecânico foi preso preventivamente nesta segunda-feira, por suspeita de colaborar com os fugitivos. Ele alega inocência, afirmando que foi coagido a prestar ajuda.

A Polícia Federal já havia detido outros cinco suspeitos de auxiliar os dois fugitivos da penitenciária federal de Mossoró. Um deles é o irmão de Deibson Nascimento. Johnney Weyd Nascimento foi preso na última sexta-feira, no Acre. Ele foi condenado por roubo e participação em organização criminosa, e tinha um mandado de prisão em aberto.

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Os agentes também cumpriram nove mandados de busca e apreensão em Mossoró (RN), Quixeré (CE) e Aquiraz (CE). Os investigadores suspeitam que os fugitivos tenham recebido auxílio de membros do Comando Vermelho, que têm presença na região. Um veículo e armas foram apreendidos na casa de um dos alvos.

Rogério Mendonça e Deibson Nascimento
Foto: Polícia Federal

Quem são os fugitivos recapturados 

Os fugitivos são Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento, também conhecido como "Tatu" ou "Deisinho". Ambos são naturais do Acre e estavam sob custódia na Penitenciária Federal de Mossoró desde 27 de setembro de 2023, conforme divulgado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública na época.

No ano passado, a Secretaria de Estado de Segurança Pública do Acre informou que Rogério e Deibson estavam entre os detentos envolvidos na rebelião ocorrida em julho de 2023 no presídio de segurança máxima Antônio Amaro Alves. Na ocasião, cinco prisioneiros foram assassinados.

Deibson foi detido em agosto de 2015 e também cumpriu pena no presídio federal de Catanduvas, no Paraná. Ele tem condenações e é acusado de envolvimento em assaltos, furtos, roubos, homicídios e latrocínio.

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Já Rogério estava cumprindo pena no Acre quando foi transferido para o Rio Grande do Norte. Ambos são membros de uma organização criminosa e deveriam cumprir uma sentença de dois anos, até 25 de setembro de 2025.

O presídio federal de Mossoró foi inaugurado em 2009 e é o único localizado no Nordeste. Com uma área de 13 mil metros quadrados, abriga mais de 200 detentos e nunca havia registrado uma fuga.

Além de Mossoró, o Sistema Penitenciário Federal conta com presídios em Catanduvas (PR), Campo Grande (MS), Porto Velho (RO) e Brasília (DF), que abrigam detentos de alta periculosidade.

*Com informações de Estadão Conteúdo.

Fonte: Redação Terra
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