Morreu na madrugada desta segunda-feira o governador do Sergipe Marcelo Déda (PT), que lutava contra um câncer de estômago no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. A equipe médica retratou uma piora significativa no quadro de saúde do político nos últimos dias e hoje, às 4h30, Déda não resistiu e morreu devido a complicações de uma neoplasia gastrointestinal.
O governador foi internado no dia 27 de maio com quadro de dificuldade alimentar, e estava licenciado do cargo desde então. No último dia 29 de junho, Déda foi submetido a uma cirurgia para extração do baço, cujo procedimento ocorreu de forma satisfatória, deixando a UTI no dia 6 de julho e recebendo alta-médica do hospital Sírio-Libanês no dia 24 daquele mês. Apesar da alta, as sessões de quimioterapia continuaram e o governador não resistiu às complicações de saúde.
Segundo nota oficial do governo do Sergipe, o corpo do governador será velado no Palácio-Museu Olímpio Campos, em Aracaju, e deve chegar na cidade após as 14h - o horário de início da cerimônia não foi confirmado. Em um primeiro momento, apenas os familiares terão acesso, depois o velório será aberto ao público. O corpo será cremado em Salvador, já que em Sergipe não há crematórios.
Marcelo Déda tinha 53 anos, deixa cinco filhos, sendo três filhas do primeiro casamento e outros dois filhos, frutos de sua união com a repórter-fotográfica, Eliane Aquino, primeira-dama e secretária de Inclusão Social.
Ainda durante a madrugada, os amigos do governador começaram a prestar suas homenagens por meio das redes sociais. O ex-presidente do PT, José Eduardo Dutra, relatou como recebeu a notícia da morte do amigo. "Hoje, o telefone tocou novamente. E a dor é tão grande quanto naquele dia. Só que agora não tem ninguém pra me consolar. Adeus , meu amigo!"
Hoje, o telefone tocou novamente. E a dor é tão grande quanto naquele dia. Só que agora não tem ninguém pra me consolar. Adeus , meu amigo!
— José Eduardo Dutra (@zedutra13)
December 2, 2013
O presidente nacional de juventude do PT, Jefferson Lima, aproveitou para falar da liderança do político no Estado e no País.
Vc sempre estará conosco líder. SERGIPANO COM MUITO ORGULHO. OBRIGADO DÉDA
#DedaPresente
— Jefferson Lima (@JeffersonJPT)
December 2, 2013
O governador foi atendido pelas equipes dos médicos Paulo Hoff, Raul Cutait e Roberto Kalil Filho.
Amigos lamentam a morte pelas redes sociais
O ator José de Abreu foi um dos primeiros a lamentar a morte do governador petista:
Deda morreu. Resquiescat in Pace.
— Jose de Abreu (@zehdeabreu)
December 2, 2013
Vai com Deus, meu amigo Marcelo Deda.
— Jose de Abreu (@zehdeabreu)
December 2, 2013
O Twitter oficial de Marcelo Déda postou uma homenagem ao político:
O céu acaba de ganhar mais uma estrela, Marcelo Déda voou 'nas asas da quimera'. Paz & Bem - família Marcelo Déda
— Marcelo Déda (@MarceloDeda)
December 2, 2013
O ex-presidente do PT, José Eduardo Dutra, falou sobre a amizade dos dois e como ele recebeu a notícia:
O Deda costumava dizer que, em 30 anos de militância, nós nunca levantamos o crachá de forma diferente nos encontros do PT.
— José Eduardo Dutra (@zedutra13)
December 2, 2013
Quanto divergíamos , sentávamos pra conversar , "quebrávamos o pau", mas sempre chegávamos a um posição comum. E foi assim mesmo.
— José Eduardo Dutra (@zedutra13)
December 2, 2013
A única divergência insuperável e definitiva era no futebol. Pelo menos, ele se foi com a faixa de campeão. Valeu, meu companheiro !
— José Eduardo Dutra (@zedutra13)
December 2, 2013
Trajetória política
Advogado formado pela Universidade Federal de Sergipe, o político estava no segundo mandato. No seu lugar assumirá o vice-governador, Jackson Barreto, do PMDB.
Natural do município de Simão Dias, Déda milita na política desde a década de 70, nos movimentos secundaristas, quando conheceu o então dirigente sindical Luiz Inácio Lula da Silva. Militante do Partido dos Trabalhadores (PT), no início dos anos 1980, Marcelo Déda foi fundamental na consolidação da legenda no Estado.
Em 1985, o PT decidiu lançar o nome de Déda para concorrer às eleições municipais de Aracaju, com o objetivo de se firmar como um partido nacional. Na eleição municipal, mesmo com recursos para a confecção de 5 mil cartazes, Déda ficou em segundo lugar com quase 19 mil votos. Logo em seguida foi eleito deputado federal por Sergipe.
Um ano depois, ele foi eleito deputado estadual com mais de 32 mil votos. O revés eleitoral ocorreu em 1990, quando tentou se reeleger para uma das cadeiras da Assembleia Legislativa. Acusado de ter priorizado as atividades legislativas em detrimento dos movimentos sociais, Marcelo Déda obteve 10% dos 33 mil votos que o elegeram em 1986.
Em 1994, foi eleito para a Câmara dos Deputados e, em 2000, conquistou o primeiro mandato de prefeito de Aracaju referendado por 52,8% dos votos válidos. Reeleito em 2004, Déda começou a consolidar a trajetória política para a candidatura ao governo de Sergipe.
Em 2006, deixou a prefeitura de Aracaju para se candidatar ao comando do Estado. Eleito em primeiro turno com 52% dos votos, Déda investiu em infraestrutura no interior do estado.
Em entrevista durante a campanha à reeleição, Marcelo Déda disse que o foco de seu governo no segundo mandato - 2010 a 2014 - seria o combate à violência, o aprofundamento das políticas sociais e a continuidade das obras de infraestrutura iniciadas em 2006.