O governo de São Paulo admitiu nesta quinta-feira uma situação crítica no Sistema Cantareira. Este é o principal reservatório de água da Região Metropolitana de São Paulo e que abastece 6,5 milhões de habitantes. "Se continuar sem chover, o atual volume da (reserva técnica) Cantareira nos garantiria 52 dias a mais. Isso daria até 21 de novembro com os níveis que temos hoje", relatou Mauro Arce, o secretário de Recursos Hídricos de São Paulo.
O nível do sistema hídrico alcançou mínimos históricos em junho, quando as autoridades recorreram a uma primeira reserva técnica chamada de "volume morto", cuja cota já está se esgotando.
Arce disse que o segundo "volume morto" só será utilizado quando o atual chegar ao limite, mas confiou que haverá chuvas em outubro e novembro. "Nunca, em 84 anos, deixou de chover na cidade nestes meses", apontou o secretário.
O pronunciamento de Arce ocorreu depois que a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) indicou que o nível da Cantareira caiu nesta quinta-feira para 7,4% da capacidade, contando o uso da primeira cota do "volume morto".
Segundo a Sabesp, a companhia tem preparadas bombas para iniciar a captação de água no volume sob as comportas da vizinha represa Jaguari-Jacareí, mas Arce advertiu que as operações de bombeamento só começarão quando "o nível estiver esgotado" na Cantareira.
A crise hídrica de São Paulo motivou também criticas por parte do governo federal, como a do diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, que acusa o governo paulista de não ter alertado a população sobre a "gravidade da situação". A ANA se retirou do grupo técnico que auxilia o governo paulista.
A Sabesp assegurou em nota que "não haverá racionamento" em nenhuma das 364 cidades nas quais opera no Estado e garantiu que foram "tomadas medidas", como a transferência de água proveniente de outros sistemas (Alto Tietê, Rio Grande, Rio Claro e Guarapiranga) e estímulos à economia de consumo.