O governo federal determinou a retirada das algemas dos passageiros que ocupavam o primeiro voo de deportados dos Estados Unidos, com destino ao Brasil, desde a posse do presidente Donald Trump. A condição dos brasileiros algemados foi considerada um 'desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos'.
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O avião das forças de segurança norte-americanas aterrissou em Manaus (AM) na noite da última sexta-feira, 24. O destino final estava programado para o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte (MG), mas a aeronave precisou pousar na capital amazonense para manutenção e o restante da viagem foi cancelado.
Após a tentativa das autoridades dos Estados Unidos de manter os passageiros do voo algemados, o avião foi recepcionado pela Polícia Federal. Sob orientação do Ministério da Justiça e Segurança Pública, os policiais determinaram a retirada imediata das algemas.
A situação foi comunicada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo ministro Ricardo Lewandowski, que considerou a situação um 'flagrante desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros'.
Como o restante da viagem acabou cancelado após o pouso em Manaus, Lula determinou que um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) fosse mobilizado até o Amazonas para que os passageiros pudessem completar o voo 'com dignidade e segurança'.
Para tal, a Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do Amazonas (Sejusc) disponibilizou colchões, alimentação, atendimento médico e água aos passageiros que aguardavam no aeroporto em Manaus.
Uma equipe do Corpo de Bombeiros também foi mobilizada para prestar apoio com médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.
Governo Trump reivindica voos de deportação
Apesar da série de medidas anti-imigração implementadas por Trump desde sua posse, na última segunda-feira, 20, o Itamaraty aponta que o voo desta sexta não tem relação direta com a eleição do republicano.
A assessoria do Ministério das Relações Exteriores aponta que o voo integra um entendimento entre os governos brasileiro e estadunidense, firmado em 2017. Desde então, viagens com deportados com destino no Brasil acontecem com frequência.
No acordo, é combinado que um brasileiro detido nos Estados Unidos, por razões imigratórias e sem ter mais como recorrer nos processos jurídicos envolvidos, tem direito ao voo de volta ao Brasil.
A viagem é organizada pelo governo norte-americano e, por parte do Brasil, a logística fica sob responsabilidade da Polícia Federal.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, reivindicou a ação ao governo do republicano: “Os voos de deportação começaram. O presidente Trump está enviando uma mensagem forte e clara ao mundo inteiro: se você entrar ilegalmente nos Estados Unidos da América, enfrentará consequências severas”, escreveu, em publicação no X (antigo Twitter).