Um estoque de água equivalente a dois sistemas Cantareira são ignorados na Grande São Paulo, de acordo com informações publicadas neste domingo pelo jornal Folha de S.Paulo. A afirmação é do professor de engenharia hidráulica da USP Ivanildo Hespanhol, que calcula que são produzidos cerca de 60 mil litros de esgoto na região a cada segundo.
De acordo com a publicação, o professor, que é uma das maiores autoridades do País em reúso, defende que a técnica seja usada para “reciclar” a água, tornando-a própria. No Brasil, a água de reúso não é usada para beber, mas para processos como limpeza de calçadas, irrigação de jardins e na produção industrial. Em algumas cidades dos Estados Unidos, Austrália e Bélgica misturam água de reúso com a convencional –no Brasil precisaria ser regulamentado o emprego dessa água no abastecimento.
Ao jornal, o professor afirmou existir cinco estações de tratamento inicial de esgoto no País e destacou que o processo pode ser completado com mais etapas para que a água se torne potável. De acordo com ele, apenas nessas cinco estações seria possível obter mais de 16 mil litros de água potável por segundo para a Grande São Paulo, o suficiente para abastecer cerca de 4,8 milhões de pessoas. Segundo o professor, não há estimativas dos custos para implantar o reúso potável na região metropolitana, mas cerca de 2/3 dos gastos referem-se à rede distribuidora.
Contudo, um dos problemas é com relação ao custo de produção. Nos Estados Unidos, por exemplo, mil litros de água de reúso potável saem por cerca de US$ 3, mais que o triplo da comum. Apesar disso, o jornal afirma que o gasto compensa se comparado à construção de sistemas de abastecimento. O sistema São Lourenço, por exemplo, uma obra de R$ 2,2 bilhões, que trará água de uma represa a quase 100 quilômetros da capital, produzirá 4.700 l/s a partir de 2017.