A organização não governamental (ONG) Greenpeace anunciou nesta sexta-feira que vai recorrer de todas as decisões judiciais aplicadas a 30 ativistas da organização ecologista internacional, acusados pela justiça russa de 'pirataria' após uma ação de protesto contra uma plataforma russa no Ártico. "Faremos o possível para recorrer de cada infração processual, de cada violação do direito internacional que, segundo a Constituição russa é de cumprimento obrigatório no território russo", afirmou Antón Benislavski um dos coordenadores da Greenpeace Rússia.
A justiça russa decretou na quinta-feira a prisão preventiva dos 30 ativistas da Greenpeace que foram detidos quando tentavam escalar, há cerca de uma semana, uma plataforma do setor do gás Gazprom no Mar de Barents.
O tribunal do Distrito de Lenin na cidade de Murmansk (noroeste da Rússia) deliberou que 22 ativistas vão permanecer em prisão preventiva por dois meses, durante o processo de investigação do caso. A Corte decidiu ainda manter em prisão preventiva por 72 horas os demais ativistas da organização ecologica.
Antón Benislavski, que destacou o caráter ilegal da detenção, referiu que a Greenpeace defende que "se adotem medidas jurídicas, tanto dentro do país, como a nível internacional, contra cada membro que permita tais violações". "É claro que nesta situação não podemos falar em nenhum caso de pirataria, uma vez que nas ações dos ativistas da Greenpeace não existem quaisquer indícios formais de pirataria, seja ao nível do direito internacional ou do direito penal russo", frisou o representante.
Benislavski qualificou como "estranho" o facto de os alegados piratas terem gravado imagens da ação. "É a primeira vez que vejo piratas a guardarem de maneira tão descarada provas sobre as suas próprias ações", ironizou.
O coordenador recordou ainda que foram os guardas costeiros russos que dispararam tiros de aviso com armas automáticas contra o navio civil e desarmado da Greenpeace Arctic Sunrise, embarcação com pavilhão holandês.
Outro coordenador da Greenpeace Rússia, Iván Blókov, comparou a situação do Arctic Sunrise com o caso do emblemático navio Rainbow Warrior, que foi atacado e afundado pelos serviços secretos franceses em 1985 durante uma campanha contra os testes nucleares no Sul do Pacífico.
"Este é o ato hostil mais agressivo, neste caso por parte da Rússia, contra a Greenpeace desde a explosão do Rainbow Warrior", sublinhou Blókov, na mesma conferência de imprensa.
Um dos ativistas em prisão preventiva é o capitão do Arctic Sunrise, o americano Peter Willcox, que também assumiu os comandos do Rainbow Warrior.
Segundo a Greenpeace, os ativistas detidos são originários de 19 países: da Rússia, dos Estados Unidos, da Argentina, do Reino Unido,do Canadá, da Itália, Ucrânia, de Nova Zelândia, da Holanda, Dinamarca, Austrália, do Brasil, da República Checa, Polónia, Turquia, Dinamarca, Finlândia, Suécia e da França.