Os agentes da Polícia Civil paralisaram suas atividades nesta quarta-feira em 16 estados do país, em meio às advertências do governo de que não permitirá greves das forças de segurança durante a Copa do Mundo, que começa em 22 dias.
Os delegados, detetives, inspetores e agentes da Polícia Civil suspenderam algumas de suas atividades mas cumpriram com a lei que obriga os empregados públicos em greve a manter pelo menos 30% de seu efetivo trabalhando, segundo o próprio sindicato da categoria.
A paralisação transcorreu sem incidentes e se caracterizou por pequenas manifestações, nas quais os grevistas manifestaram suas reivindicações, como um nivelamento de salários e melhores condições de segurança para trabalhar.
Em Brasília, cerca de cem policiais marcharam pela Esplanada dos Ministérios com cartazes nos quais expressavam suas reivindicações.
A Polícia Militar, responsável pela vigilância nas ruas, manteve suas atividades. Já a Polícia Federal limitou o protesto a pequenas manifestações em algumas cidades.
Ao contrário das recentes greves da PM na Bahia e Pernambuco, nas quais houve um grande aumento do número de homicídios, saques e vandalismo, a paralisação dos policiais civis foi pacífica.
Segundo a Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol), que convocou a greve, os agentes suspenderam as investigações mas mantiveram o atendimento ao público em estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Em São Paulo, os policiais se limitaram a registrar as denúncias mais graves, enquanto no Rio de Janeiro os agentes acompanharam a greve com várias manifestações.
Também ocorreram paralisações parciais ou manifestações nos estados de Alagoas, Amazonas, Bahia, Brasília, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins.
A greve foi realizada em meio às advertências do governo de que não permitirá que as forças de segurança ameacem a Copa, que será disputada entre 12 de junho e 13 de julho.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, lembrou que o Supremo Tribunal Federal já considerou inconstitucional as greves dos policiais.
"Os policiais sabem que a greve está proibida por decisão do Supremo. Não acho que nenhum brasileiro queira que a sociedade pague a conta de um processo que tem que ser resolvido com diálogo", afirmou.
Cardozo disse que se for necessário o governo pode enviar a Força Nacional de Segurança e as Forças Armadas para garantir a ordem.
O chefe da Advocacia Geral da União, Luis Inácio Adams, também mencionou que a justiça proíbe greves de policiais e que os sindicatos podem ser multados se descumprirem essa determinação.
A greve de policiais coincidiu com uma paralisação de ônibus em São Paulo e com manifestações em várias cidades de outros sindicatos, que aproveitam a proximidade da Copa para reforçar suas reivindicações.
"É natural que alguns grupos de profissionais ou pessoas que reivindicam algo aproveitem a oportunidade para dar visibilidade a seus pedidos. Estão ocorrendo muitas manifestações por estes dias", admitiu o ministro-chefe da Casa Civil, Gilberto Carvalho.
No entanto, Carvalho afirmou que espera um bom senso e que, "na medida que a Copa se aproxime, os protestos se reduzam e os manifestantes se conscientizem de que não podem punir a população para buscar objetivos setoriais".
"Aproveitar-se desta oportunidade é algo perigoso que pode ser mal recebido", ponderou.