Boulos: “Richa não tem condições de permanecer no governo”

Em ato de 1° de maio, líder do MTST caracterizou a ação da PM do Paraná contra os professores grevistas como um “massacre”

2 mai 2015 - 16h00
(atualizado às 16h02)

O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, fez um duro discurso contra o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), durante o ato do Dia do Trabalhador organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, na última sexta-feira (1). Antes de subir ao palco para se juntar a outros representantes de movimentos sociais e centrais sindicais, ele conversou com a imprensa e afirmou que, após o “massacre” cometido contra os professores, o tucano “não tem mais condições” de permanecer à frente do governo.

“Esse 1° de maio representa o desagrado dos professores paranaenses que foram reprimidos, massacrados de forma brutal em Curitiba por um governo antipopular. O governador Beto Richa não tem condições de permanecer à frente do governo do Paraná depois do que fez contra os trabalhadores”, declarou.

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Gilmar Mauro, integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), uniu-se ao coro e reforçou a posição anunciada pelo companheiro. E, de acordo com ele, os professores da rede estadual de São Paulo – que estão em greve há mais de 50 dias e não foram atendidos pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) – também devem receber apoio.

Guilherme Boulos em ato das centrais sindicais e movimentos populares do campo e da cidade no Vale do Anhangabaú, em São Paulo
Guilherme Boulos em ato das centrais sindicais e movimentos populares do campo e da cidade no Vale do Anhangabaú, em São Paulo
Foto: Peter Leone / Futura Press

“Queremos em nome dos movimentos sociais nos solidarizar com a luta dos professores no Paraná e repudiar a ação violenta ocorrida. Ao mesmo tempo, queremos nos solidarizar com os professores de São Paulo. Estão fazendo uma greve que dura muito tempo e ainda não teve suas reivindicações atendidas. Em geral, estamos em luta contra retrocessos. Busca-se, através de grandes meios de comunicação (e não estou falando de vocês jornalistas), produzir consensos na sociedade que justifiquem ações de destruição de direitos sociais. Consenso sobre a PEC que diminui a maioridade penal e sobre o impeachment, por exemplo. É então um momento de defesa de direitos", analisou.

Contra PL 4330 e MPs 664 e 665

Boulos comentou ainda os fatores que, segundo os organizadores, nortearam a mobilização dessa edição do ato do Dia do Trabalhador: o PL 4330 (das terceirizações) e as MPs 664 (que muda as regras para a concessão do auxílio-doença e pensão por morte) e 665 (que dificulta o acesso ao seguro-desemprego e ao abono salarial).

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O líder afirmou que esses são “os maiores ataques” que tem sido feitos contra o conjunto dos trabalhadores do País – não só os sindicalizados, mas especialmente os mais “precarizados”. Ele criticou também o ajuste fiscal elaborado pelo ministro Joaquim Levy, que “corta investimentos sociais” em programas como o Minha Casa Minha Vida. Vagner Freitas, presidente da CUT, completou a fala alegando que um “ganho extremamente importante” nesse cenário seria o fim do fator previdenciário.

Força Sindical “rompe” com outras centrais

Adilson Araújo, presidente nacional da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), completou o discurso criticando o posicionamento da Força Sindical, entidade liderada por Paulinho da Força que defende a aprovação do PL 4330.

“A posição da Força Sindical rompe com a unidade das centrais sindicais. A tese defendida pela Força Sindical diz respeito à posição da cúpula. Não é à toa que sua base está questionando muito a posição do Paulinho e sobretudo a posição da direção. Penso que ela vai na contramão daquilo que os trabalhadores desejam, que é melhorar sua auto estima, ter um salário digno e condições de ter garantias trabalhistas”, finalizou.

Fonte: Terra
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