Contestada pela oposição e por entidades médicas, a contratação de cubanos não é vista como um problema pela cidade de Campo Alegre de Lourdes (BA), em uma região que sofre com a seca na divisa com o Estado do Piauí. Segundo a administração municipal, a permanência de médicos cubanos há cerca de seis meses em postos de saúde em regiões rurais da localidade desafogou o hospital municipal.
Anunciado como uma das respostas às manifestações de junho do ano passado, o programa Mais Médicos deve contar, a partir de março, com 9,5 mil médicos. Os primeiros estrangeiros importados para trabalhar no interior e em periferias chegaram há exatos seis meses. O primeiro grupo de cubanos desembarcou em 24 de agosto, profissionais que viriam a ser maioria no programa do governo federal, que fechou um contrato com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
“Antigamente, a gente não conseguia que os médicos formados no País ficassem mais de dois dias nos postos de saúde. Hoje a gente consegue com os médicos cubanos que eles fiquem toda a semana no povoado”, disse o secretário de Saúde da cidade, Pierre Rodrigues Araújo.
A estrada de chão evitada por médicos brasileiros precisava ser percorrida pelas pessoas que buscavam atendimentos básicos de hipertensão, diabetes e pré-natal. Para ir e voltar, os moradores precisavam desembolsar cerca de R$ 40 em transporte. "Às vezes deixavam até de vir pelo dinheiro que nem tinham. As pessoas da área rural nem sempre tem esse dinheiro, geralmente vivem com um salário mínimo, na roça não tem nada. O Sertão aqui é seco mesmo", contou Araújo.
A ida de médicos também é elogiada na cidade de Feijó (AC), cidade de 27,9 mil km² que faz fronteira com o Peru. Eram três médicos antes do programa. Com a chegada de cinco cubanos, a prefeitura diz que o tempo de atendimento reduziu de uma semana para um dia. “A demanda era muito grande e os atendimentos eram poucos. Os médicos tinham que se desdobrar. Hoje no mesmo dia você consegue uma consulta”, disse Maycon Cordeiro, coordenador do programa na cidade.