O presidente eleito Jair Bolsonaro reafirmou nesta quarta-feira que a Fundação Nacional do Índio (Funai) "vai para algum lugar", enquanto segue a indefinição sobre o destino do órgão no desenho da estrutura ministerial do futuro governo.
"Acho que não (fica na Justiça), vai para algum lugar onde o índio receberá o tratamento que ele merece", disse Bolsonaro a jornalistas ao deixar o quartel general do Exército em Brasília. "O índio quer energia elétrica, quer médico, quer dentista, quer jogar futebol. Ele quer aquilo que nós queremos."
"Aqui no Brasil alguns querem que o índio continue dentro de uma reserva como animal em zoológico. Eu não quero isso", acrescentou. "Eu quero tratar o índio como um ser humano, como um cidadão. Eu quero que explore sua propriedade, explore o subsolo, ganhe royalties em cima disso, eu quero que ele plante ou arrende sua terra para que seja plantada."
Bolsonaro disse que o futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, está sobrecarregado com a reestruturação da pasta, mas não quis cravar que a Funai não ficará mesmo neste ministério. "Se eu afirmo e fica, vão dizer que eu voltei atrás."
Mais cedo, Moro havia dito que a Funai pode seguir sob responsabilidade da pasta que comandará, mas também ressaltou a indefinição. "Pode ser até que fique no Ministério da Justiça, pode ser que saia."
Na segunda-feira, o futuro titular da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, havia afirmado que a Funai poderia ser incorporada ao Ministério da Agricultura --manifestação essa que foi alvo de críticas.
Nesta tarde, o futuro ministro da Cidadania, Osmar Terra, disse que estava sendo avaliada a possibilidade de a Funai ir para sua pasta ou para o Ministério de Direitos Humanos.
"A Funai, ela tem um papel muito específico, muito importante, e o Conselho dos Povos está na área de direitos humanos, então acho que é possível que ela fique lá ou fique em Direitos Humanos, temos que avaliar isso aí."
"Tem que ter afinidade... onde está a representação da sociedade civil, onde está o cuidado com a preservação das etnias. Etnias que estão lá no Ministério dos Direitos Humanos, mas isso é uma decisão que o presidente vai tomar", disse Terra.
Questionado se a melhor opção seria o Ministério dos Direitos Humanos, Terra disse seria uma boa solução, mas ressaltou que o importante é que Funai receba a relevância que merece.
"Não estou dizendo que tem que ser lá (Ministério dos Direitos Humanos). Eu acho que pode ser bom. Eu acho que tem vários lugares que ela pode ficar, até na Secretaria de Governo", disse. "De qualquer maneira tem que ser um ministério que dê relevância ao tema. O meu já está com muita coisa relevante."