Janot vai pedir revogação da imunidade de delatores da JBS

8 set 2017 - 10h51
(atualizado às 11h56)

Procurador-geral deve encaminhar solicitação de revogação dos benefícios concedidos aos executivos Joesley Batista e Ricardo Saud, que podem ter prisão preventiva decretada, segundo informações da imprensa brasileira.O procurador-geral, Rodrigo Janot, decidiu nesta sexta-feira (08/09) pedir a revogação da imunidade concedida a Joesley Batista e Ricardo Saud, após ouvir depoimentos prestados pelos executivos da JBS nesta quinta-feira, segundo informações divulgadas nos sites dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. Os empresários depuseram sobre áudios revelados nesta semana, em que eles conversam sobre a negociação da delação premiada.

Procurador-geral deve encaminhar solicitação de revogação dos benefícios concedidos aos executivos Joesley Batista e Ricardo Saud, que podem ter prisão preventiva decretada
Procurador-geral deve encaminhar solicitação de revogação dos benefícios concedidos aos executivos Joesley Batista e Ricardo Saud, que podem ter prisão preventiva decretada
Foto: Agência Brasil

Com isso, existe a possibilidade de Janot pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão preventiva de ambos, segundo fonte interna da Procuradoria-Geral da República. O ministro Edson Fachin, relator do caso no STF, estaria disposto a determinar a prisão dos dois colaboradores, caso julgue haver indícios mínimos da necessidade de tal medida. O pedido do procurador-geral deve ser encaminhado a Fachin ainda nesta sexta-feira.

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Desde esta terça-feira, quando foram revelados os áudios com o diálogo entre os executivos, há um sentimento de indignação entre membros do STF. A gravação também compromete a reputação de Janot, o qual consideraria a prisão dos delatores um meio de melhorar sua imagem, às vésperas de sua saída do cargo de procurador-geral.

Joesley e Saud prestaram depoimento nesta quinta-feira na sede da Procuradoria-Geral da República, em Brasília, sobre áudios em que eles falam da negociação da delação premiada. Nesta sexta-feira está agendado o depoimento do ex-procurador Marcello Miller, suspeito de ter atuado em um sistema para beneficiar a JBS na elaboração das condições do acordo de leniência.

A gravação apresentada ao Ministério Público Federal inclui uma conversa entre Batista, dono da J&F (controladora da JBS), o diretor da J&F Ricardo Saud e o advogado Francisco de Assis. Ela teria ocorrido involuntariamente. O conteúdo dos áudios levaram o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a iniciar uma investigação sobre a suposta omissão de informações dos delatores.

No áudio, Saud e Joesley falam sobre uma tentativa de gravar uma conversa do ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo para conseguir provas sobre supostas irregularidades cometidas por ministros do STF. Com essa gravação, eles pretendiam conseguir um acordo de delação premiada mais vantajoso.

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Joesley e Saud também conversam sobre o acordo de delação premiada. O dono da JBS orienta o diretor a se aproximar de um Marcelo, supostamente o ex-assessor de Janot Marcelo Miller, para chegar ao procurador-geral e obter um acordo com melhores benefícios.

Omissão de informações

No final das quase quatro horas de conversa, Saud e Joesley falam sobre a omissão de informações durante os depoimentos após o acordo de delação premiada.

"A gente preserva todos os nossos, como chama, consumidores, nosso mercado, nós preservamos todos os supermercados compradores. Todos os nossos compradores. E a gente salva uns quatro ou cinco amigos", disse Saud.

O acordo firmado entre a JBS e a PGR foi criticado por ter concedido impunidade processual aos delatores. Caso a investigação anunciada por Janot confirme que os delatores omitiram informações, eles podem perder os benefícios obtidos. As provas entregues, no entanto, continuam válidas.

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O processo de obtenção dos benefícios de delação é questionado no STF pela defesa de Temer. Os executivos da JBS negam irregularidades.

MD/ots

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