O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, decidiu unificar as investigações em curso no caso envolvendo o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP). Ele já recebeu o boletim de ocorrência feito pela jovem Patrícia Lélis acusando o parlamentar de agressão e tentativa de estupro. E agora aguarda o inquérito aberto em São Paulo sobre a suposta tentativa de extorsão por parte de Patrícia contra Feliciano.
Janot decidiu unificar o inquérito e as investigações por conta da presença de Feliciano no caso. Na visão do procurador-geral da República, até a extorsão, por envolver o nome do deputado, precisa subir para o Supremo Tribunal Federal (STF), onde são investigados políticos com foro privilegiado. Ele fará uma análise inicial de todo o material para decidir se apresenta um pedido formal ao STF para investigar o parlamentar.
Em reunião com a vice-líder do PT, Érika Kokay (DF), Janot não comentou a denúncia de estupro contra Feliciano. O caso tramita em segredo de Justiça. Mas ressaltou à petista, que revelou a conversa ao Terra, que a situação deve ser investigada como uma só. Uma consequência da decisão do procurador-geral é que a investigação feita pela Polícia Civil de São Paulo, que pretendia denunciar Patrícia Lélis por denunciação caluniosa e extorsão, não terá mais efeito.
Não há prazo para Janot analisar o caso e entregar sua manifestação ao STF. Ele pode decidir por enviar o pedido de abertura de inquérito à corte ou até mesmo determinar o arquivamento se considerar não existir indícios suficientes para o deputado federal ser investigado. Feliciano nega todas as denúncias feitas por Patrícia. O seu partido, o PSC, promete entrar na Justiça contra a jovem, que é estudante de jornalismo.
A origem do caso data de 15 de junho. Patrícia relata que foi convidada para participar de uma reunião no apartamento funcional de Feliciano sobre a CPI da União Nacional dos Estudantes (UNE). De acordo com a jovem, ao chegar no local, não havia ninguém além do próprio parlamentar. À Polícia Civil do Distrito Federal, ela disse que o deputado paulista avançou sobre ela e a tentou estuprar.
Depois, no início do mês, um desdobramento em São Paulo. Patrícia disse inicialmente ter sido sequestrada e presa em cativeiro por Talma Bauer, ex-chefe de gabinete de Feliciano. No entanto, durante apuração da 3ª Delegacia de Polícia, o delegado Luís Roberto Hellmeister entendeu que a jovem mentiu no seu relato e que deveria ser processada por dois crimes diferentes.