João Amoêdo declara voto em Lula no segundo turno

15 out 2022 - 16h22

Ex-presidente do Novo diz não concordar com nenhum dos dois candidatos, mas argumenta que seu direito de oposição tem mais chance de ser preservado com o petista do que com Bolsonaro.João Amoêdo, fundador e ex-presidente do partido Novo, declarou que vai votar no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições presidenciais.

Em 2018, Amoêdo se candidatou à Presidência, mas ficou em quinto lugar. No segundo turno, declarou voto em Bolsonaro
Em 2018, Amoêdo se candidatou à Presidência, mas ficou em quinto lugar. No segundo turno, declarou voto em Bolsonaro
Foto: DW / Deutsche Welle

Em entrevista à imprensa brasileira, Amoêdo afirmou que vai se opor a qualquer um dos candidatos que for eleito em 30 de outubro, mas argumentou que seu direito de oposição tem mais chance de ser resguardado com Lula do que com o atual presidente, Jair Bolsonaro.

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"É uma decisão difícil, pois não concordo com nenhum dos dois. A qualquer um que seja eleito, serei oposição desde o primeiro dia, mas meu direito de oposição tem mais chance de ser preservado com Lula do que Bolsonaro", afirmou o político ao portal G1.

"Bolsonaro tem atentado contra os poderes, cooptou o Legislativo com o orçamento secreto e vem testando essa ideia de aumentar os membros do Supremo para formar maioria. Apesar das discordâncias, serei obrigado a fazer algo que nunca fiz na vida, que é votar no PT."

Ao jornal Folha de S. Paulo, Amoêdo já havia afirmado que "os fatos, a história recente e o resultado do primeiro turno, que fortaleceu a base de apoio de Bolsonaro, me levam à conclusão de que o atual presidente apresenta um risco substancialmente maior".

"No dia 30, farei algo que nunca imaginei. Contra a reeleição de Jair Bolsonaro, pela primeira vez na vida, digitarei o 13. Apertar o botão 'Confirma' será uma tarefa dificílima. Mas vou me lembrar do presidente que debochava das vítimas na pandemia, enquanto milhares de famílias choravam a perda de seus entes queridos", disse em entrevista ao jornal.

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Segundo ele, "Bolsonaro confirmou ser não apenas um péssimo gestor, como já prevíamos, mas também uma pessoa sem compaixão com o próximo. Ele é incapaz de dialogar, de assumir suas responsabilidades e não tem compromisso com a verdade. É um governante autocrático que se coloca acima das instituições."

"Vergonhoso"

Após a declaração, o atual presidente do Novo, Eduardo Ribeiro, criticou o posicionamento de Amoêdo. "Vergonhosa, constrangedora e incoerente a declaração de voto de João Amoêdo em Lula. O PT e o Lula representam tudo o que o nosso partido sempre combateu. Essa é a prova final de que o Novo nunca mudou, quem mudou foi o João", afirmou nas redes sociais.

Na entrevista à Folha, Amoêdo já havia afirmado que críticas de dentro do partido seriam "possíveis", mas observou que a liberdade de expressão é um dos princípios da legenda.

O Novo não declarou formalmente apoio a Bolsonaro no segundo turno. Em nota, porém, o partido criticou o PT e liberou seus filiados a votarem conforme sua "consciência" e "princípios partidários".

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Voto em Bolsonaro em 2018

Amoêdo é ex-banqueiro e foi um dos fundadores do Novo, em 2011. Em 2018, ele se candidatou à Presidência da República apostando no discurso do liberalismo econômico, mas terminou o primeiro turno em quinto lugar, com 2,5% dos votos. Ele renunciou à presidência do partido em 2020.

Anteriormente, o político chegou a sinalizar que anularia seu voto no segundo turno das eleições deste ano. Em 2018, ele declarou voto em Bolsonaro na segunda rodada do pleito.

ek (ots)

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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