O empresário Joesley Batista e o executivo Ricardo Saud, ex-diretor da J&F, holding que controla a JBS, disseram em nota divulgada nesta terça-feira que não falaram a verdade nas conversas gravadas encontradas pela Procuradoria-Geral da República.
Os áudios levaram o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a abrir uma investigação que pode levar à rescisão do acordo de delação premiada firmado por executivos da J&F com a Procuradoria. Nos áudios, Joesley e Saud fazem referência a autoridades da PGR e do Supremo Tribunal.
Na nota desta terça, os dois afirmam que não têm conhecimento de nenhum ato ilícito das autoridades citadas e pedem "as mais sinceras desculpas por este ato desrespeitoso e vergonhoso".
"A todos que tomaram conhecimento da nossa conversa, por meio de áudio por nós entregue à PGR, em cumprimento ao nosso acordo de colaboração, esclarecemos que as referências feitas por nós ao excelentíssimo senhor procurador-geral da República e aos excelentíssimos senhores e senhoras ministros do Supremo Tribunal Federal não guardam nenhuma conexão com a verdade", afirma a nota assinada por Joesley e Saud.
"Não temos conhecimento de nenhum ato ilícito cometido por nenhuma dessas autoridades, o que nós falamos não é verdade", acrescenta a nota. "Reiteramos o nosso mais profundo respeito aos ministros e ministras do Supremo Tribunal Federal, ao procurador-geral da República e a todos os membros do Ministério Público."
Os novos áudios de Joesley e Saud levaram a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia a fazer um pronunciamento no que declarou que as conversas agridem, "de maneira inédita na história deste país, a dignidade institucional deste Supremo Tribunal e a honorabilidade de seus integrantes".
O acordo de delação premiada dos executivos da J&F serviu de base para Janot oferecer denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer. No mês passado, a Câmara dos Deputados decidiu não autorizar o STF a analisar a acusação contra o presidente.