Laboratório testa vacina com resultado duradouro contra o câncer

22 abr 2018 - 10h54
(atualizado às 10h57)
De acordo com Márcio Chaim, os camundongos que receberam a vacina conseguiram combater as células cancerígenas iniciais, mantiveram uma "memória" sobre elas e as eliminaram quando infectadas pela segunda vez.
De acordo com Márcio Chaim, os camundongos que receberam a vacina conseguiram combater as células cancerígenas iniciais, mantiveram uma "memória" sobre elas e as eliminaram quando infectadas pela segunda vez.
Foto: Getty Images / BBCBrasil.com

Pesquisadores do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), do Centro Nacional de Pesquisa em Energia de Materiais (CNPEM), em Campinas (SP), desenvolveram uma combinação de vacinas contra o câncer com resultados duradouros quando testada em camundongos. 

A vacina tem por objetivo estimular o sistema imune contra células tumorais que antes passavam desapercebidas. Uma vez detectadas, o próprio corpo passa a combatê-las. Esse tipo de estratégia já é conhecida e descrita na literatura médica. O que os pesquisadores brasileiros fizeram foi combinar diversas vacinas e observaram resultados promissores.

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"Nós combinamos vacinas diferentes que fizemos no nosso laboratório, de modo a verificar a sinergia entre elas. Observamos que algumas combinações, além de muito efetivas para eliminar completamente o câncer, também conseguiram prevenir, evitar que os animais testados desenvolvessem um novo câncer", disse o coordenador da pesquisa, Marcio Chaim Bajgelman.

Recidiva

De acordo com Márcio Chaim, os camundongos que receberam a vacina conseguiram combater as células cancerígenas iniciais, mantiveram uma "memória" sobre elas e as eliminaram quando infectadas pela segunda vez. 

"Administramos novamente células de câncer e verificamos que houve uma proteção duradoura. Essas células não conseguiram se desenvolver e os animais eliminaram a primeira e a segunda levas de células tumorais, destacou.

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Segundo o pesquisador, os pacientes com câncer, em muitos casos, apresentam recidiva - a volta da doença após o tratamento inicial. Muitas vezes o câncer volta mais forte e o medicamento usado inicialmente não surte efeito."No nosso caso, verificamos a possibilidade de induzir uma resposta duradora que poderia prevenir essa recidiva", afirmou.

Vacina

Conforme Márcio Chaim, os ensaios do grupo de pesquisadores brasileiros estão sendo redimensionados para células humanas. O processo, até a aplicação em pacientes, poderá demorar até oito anos. Atualmente, o laboratório faz parcerias com outras instituições, a fim de receber tumores e sangue humano.

"Vamos iniciar ensaios de cultura células com esse material para verificar o benefício da vacina. Uma vez que tenhamos resultados interessantes in vitro, vamos partir para um modelo in vivo", destacou o pesquisador.

A criação de vacina contra o câncer é um objetivo buscado por diversos pesquisadores. Elas foram inicialmente desenvolvidas pelo norte-americano William Coley (1862-1936), que fez experimentos no início dos anos 2000. 

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Atualmente, o modelo mais bem sucedido é a vacina GVAX, testada em camundongos com células de melanoma injetadas na cauda. Normalmente, o tumor se desenvolve no pulmão e causa a morte do animal em aproximadamente 28 dias. O quadro é revertido com a aplicação da GVAX, que aumenta a expectativa de vida do animal. Apesar dos bons resultados em roedores, ainda não foi observado o mesmo desempenho da GVAX nos ensaios com humanos.

O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) é uma organização social (OS) qualificada por decreto pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). São quatro laboratórios referências mundiais e abertos à comunidade científica: o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia de Bioetanol (CTBE) e o Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano).

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Agência Brasil
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