Entregou-se, no final da tarde desta sexta-feira, à Polícia Federal, João Gualberto Pereira, sócio da empresa catarinense Arxo, que fabrica tanques para combustíveis e caminhões tanque, e é acusada pelas investigações da nona fase da Operação Lava Jato, por fechar contratos fraudulentos com a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobrás.
Pereira estava de viagem aos Estados Unidos e foi comunicado sobre o mandado de prisão temporária que havia sido expedido contra ele. Agora, somente o operador de mercado ilegal de dinheiro, Mário Goes, é considerado foragido pelos investigadores da Lava Jato e está com o mandado de prisão preventiva em aberto. Para o Ministério Público Federal ele operava no pagamento de propinas em nome de várias empresas e consórcios que mantinham contrato com a Petrobras entre os anos de 2004 a 2013.
Ao chegar no prédio da PF, o empresário da Arxo não quis falar com a imprensa, e entrou acompanhado de um de seus advogados. Os defensores afirmam que a Arxo nunca esteve envolvida em pagamento de propina.
"A diretoria da Arxo desconhece qualquer irregularidade, pagamento de propina ou qualquer envolvimento com estes fatos que estão sendo apurados na Lava Jato. Os empresários não sabem de absolutamente nada disso. Também não procede a acusação de fraude em licitação, todas as licitações que a Arxo participou foram certames regulares, que foram aprovados e dentro dos padrões legais", disse o advogado Leonardo Pereima.
Segundo os defensores, os três representantes da empresa que tiveram prisão temporária decretada vão colaborar com as investigações. Na tarde desta quinta-feira, o diretor financeiro da empresa, Sérgio Marçaneiro foi ouvido pelos delegados da operação, e negou qualquer envolvimento da Arxo com pagamento de propina. Os sócios Gilson Pereira e João Gualberto Pereira devem prestar depoimento nos próximos dias. "A Arxo é a maior interessada em esclarecer tudo o que está acontecendo", reforçou o advogado.
A defesa também defende a tese de que o testemunho de uma ex-funcionária da empresa é falso e foi feito por vingança. Segundo as investigações, além das informações relatadas pelo ex-gerente de Engenharia da Petrobrás, Pedro Barusco Filho; os depoimentos de uma testemunha que trabalhava na empresa Arxo, apontaram a atuação de um operador de mercado ilegal de dinheiro no esquema de pagamento de propina da empresa para conseguir contratos com a BR Distribuidora. "Estamos apurando tudo o que foi levantado em relação a esta funcionária e, com certeza vamos esclarecer tudo, todas as dúvidas. A atividade da empresa é lícita, com mais de décadas de funcionamento e muito respeitada", afirmou.
Dinheiro
Sobre o dinheiro apreendido em fundos falsos na empresa Arxo, o advogado Leonardo Pereima disse que os valores eram mantidos ali para pagar despesas do dia a dia e o pro labore dos sócios. Ele afirmou que um dos sócios também guardou na empresa dinheiro pessoal, pois o apartamento dele estava sendo reformado. Entre os valores estavam, além de reais, dólares e euros. Para se ter uma ideia da quantidade de dinheiro, até o início da noite desta quinta-feira a PF ainda não tinha terminado a contagem de todas as notas.
Também foram apreendidos 518 relógios, que fariam parte de uma coleção particular de João Pereira; 35 obras de arte; cinco veículos de alto valor no mercado e grande quantidade de documentos e notas fiscais. "O dinheiro vivo ficava guardado dentro da empresa, e isso não tem irregularidade nenhuma, o que interessa é que é de origem lícita, está tudo contabilizado e será demonstrado no curso da investigação", afirmou.
O advogado também desconhecem qualquer relacionamento dos empresários com Pedro Barusco Filho ou Renato de Souza Duque.