Claudia Cândido da Luz, 48 anos, viu a sua vida se transformar em fevereiro de 2010. Sensibilizada com o terremoto que acabava de devastar o Haiti, em 12 de janeiro daquele ano, Claudia prontificou-se imediatamente a viajar para a região e ajudar os sobreviventes. Ficou por 17 dias no país, liderando 15 voluntários enviados pelo Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. Por seu trabalho, foi laureada com o prêmio “Enfermeira do Ano” pela Associação Infusion Nurses Society, nos Estados Unidos, em 2013. Da experiência mais marcante de sua vida, Claudia tirou grandes lições, sobretudo de amor e compaixão. Algumas delas, ela divide na entrevista a seguir:
Que cenário encontrou ao chegar ao Haiti, logo após o terremoto?
Uma confusão tremenda. Muitos tanques de guerra, homens do exército de vários países por toda parte... As pessoas precisavam de tudo porque tinham perdido tudo: roupa, medicação, atendimento psicológico e fisioterápico, órteses e próteses. Mas, acima de tudo, precisavam de amor, carinho e compaixão.
Como era a rotina de trabalho da sua equipe?
Começávamos o atendimento muito cedo, administrando os medicamentos, realizando os curativos e a reabilitação com a fisioterapia. Em geral, os pacientes eram mutilados, tinham várias lesões, e por isso nossa equipe era multiprofissional: enfermeiros, médicos, fisioterapeutas, terapeuta ocupacional, psicólogos, técnicos de Raio-X e técnicos de laboratório.
Houve um momento da viagem que eleja como inesquecível?
A viagem toda foi de momentos inesquecíveis. Alguns tristes, outros muito alegres, mas todos emocionantes. Vou contar um que mexeu com toda a equipe: em dado momento, liguei para o Brasil e pedi para a minha irmã ir até uma loja e comprar pipas. O rapaz da loja, quando soube qual seria o destino, doou parte do material. As pipas demoraram, mas chegaram. Em poucos minutos, tínhamos muitas pipas no ar. Eu ouço o som das vozes das crianças até hoje. Foi um dia mágico!
O voluntariado muda as pessoas?
O ser voluntário é essencial para o crescimento das pessoas. Cada vez que volto de uma ação, me considero uma pessoa diferente. No Hospital, faço parte do grupo de voluntariado que realiza ações com a comunidade carente de várias regiões de São Paulo.