Um líder de uma tradicional aldeia indígena do sul do Estado do Rio de Janeiro morreu vítima da Covid-19 nesta terça-feira, informou a prefeitura de Angra dos Reis, em mais um óbito entre indígenas diante dos altos riscos provocados pela pandemia.
O cacique Domingos Venite, da Aldeia Sapukai, que fica em uma região de mata na cidade do sul fluminense, tinha 68 anos e estava internado no centro de referência para tratamento da Covid-19 da localidade desde 23 de junho.
"O falecimento foi no início da madrugada", informou a prefeitura de cidade, que decretou luto oficial de três dias pelo falecimento do cacique, cuja aldeia abriga mais de 300 pessoas.
A morte do cacique se soma a outros 501 óbitos de indígenas em consequência da Covid-19 desde o início da pandemia, segundo dados levantados pela Articulação de Povos Indígenas do Brasil (Apib), uma associação nacional que congrega as 305 etnias do país.
O Ministério da Saúde registra um número menor, de 231 óbitos entre indígenas, uma vez que índios que deixaram as aldeias e se mudaram para cidades não são contabilizados pelo governo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou na segunda-feira que as comunidades indígenas estão particularmente vulneráveis à pandemia de coronavírus devido a condições de vida precárias.
No caso brasileiro, a Apib ingressou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo medidas legais imediatas de proteção, alegando risco real de genocídio da população indígena devido à pandemia. Em resposta, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, determinou que o governo federal tomasse medidas para proteção dos povos indígenas para evitar o aumento do contágio e de mortes, entre elas a criação de barreiras sanitárias para evitar a entrada em territórios de índios não contactados.
No início deste mês, as Forças Armadas realizaram uma operação em território ianomâmi para distribuir máscaras e implantar medidas de prevenção ao coronavírus.