A 23ª edição da Marcha para Jesus, que acontece nesta quinta-feira em São Paulo, começou com pedidos pelo fim “prostituição, da corrupção e da miséria” no Brasil. O evento, que reúne milhares de fiéis em passeata pelo centro da capital, é organizado pela igreja Renascer em Cristo e tem o apoio de outras igrejas evangélicas neopentecostais.
Do alto de um trio elétrico, o autointitulado apóstolo Estevam Hernandes, líder da Renascer, disse que o Brasil é “o maior País evangélico da Terra” e afirmou que a marcha reuniu um público inédito. “São Paulo nunca viu uma multidão como esta.”
De acordo com balanço da Polícia Militar divulgado às 13h, 300 mil pessoas participam da marcha – que saiu da estação da Luz, no centro – e outras 40 mil já acompanham shows na Praça Heróis da Força Expedicionária Brasileira, próximo ao Campo de Marte.
Apesar das menções à corrupção, Hernandes disse que não falaria de política. “Nós não viemos aqui para falar de política. Nós viemos aqui por Jesus”, disse. Ao lado dele estava o cantor e senador Magno Malta (PR-ES).
Hernandes e sua mulher, a bispa Sônia, chegaram a ser denunciados por suposta prática de lavagem de dinheiro, mas a ação penal foi arquivada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2012. O casal foi acusado de comandar uma organização criminosa e usar a estrutura da igreja para lavar o dinheiro. A denúncia apontava, ainda, que eles arrecadavam grande volume de dinheiro dos fiéis, que eram "ludibriados".
A Marcha para Jesus também reuniu movimentos que defendem uma intervenção militar no País, como o SOS Forças Armadas. O grupo, que participou dos protestos pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), chegou a publicar um vídeo nas redes sociais convocando para a marcha. "Não estamos pegando carona no evento de ninguém, fomos convidados, com muita honra", pediu Cristina Peviani, uma das integrantes do SOS.
Histórias
A esteticista Tais Amanda Moraes Silva, 28 anos, conta que foi à marcha pedir a "libertação" do irmão, que é usuário de drogas e está desaparecido há sete meses. "Nesta semana fui chamada pra fazer o reconhecimento de um corpo no IML, que estava com o RG do meu irmão. Não era ele, e eu creio que ele vai aparecer", disse Tais, que levou os três filhos ao evento.
O representante comercial Reinaldo Sanches, 34 anos, conta que vai se casar com a enfermeira Valdirene Freitas, 33, na próxima semana. O casal foi à marcha para agradecer a conquista da casa própria. "Na marcha passada pedimos a casa. Agora estamos aqui de novo para agradecer", disse Sanches.
Sem cerveja
A Marcha para Jesus pode ser descrita como uma balada familiar, na qual músicas de temática gospel são cantadas – e dançadas – ao ritmo de pop, eletrônico e até reggae. Para embalar o público, água e refrigerante: ninguém vende cerveja.
“Geralmente o pessoal que frequenta a igreja não bebe, né?”, disse o ambulante Pedro Monteiro, 22 anos. Ele conta que o dinheiro arrecadado com a venda de bebidas será usado para custear as despesas de um congresso de jovens da Assembleia de Deus, em julho.
Outro ambulante, que não quis se identificar, disse que a venda de bebidas alcoólicas é proibida na Marcha para Jesus. “Ninguém bebe, mas também nem pode (vender). Se a fiscalização pega, embaça”, conta.
A previsão é que o evento seja encerrado às 22h.