A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua sendo o candidato do partido à Presidência, mesmo após o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitar na véspera um habeas corpus preventivo, abrindo espaço para a prisão do petista.
Para Gleisi, a decisão da corte configura uma "injustiça muito grande" e sua prisão seria uma "violência".
"O presidente Lula continua nosso candidato. Primeiro, porque é inocente. Portanto, se é inocente, tem direito a se candidatar", disse a senadora a jornalistas, em São Paulo.
"E segundo, será candidato porque a candidatura dele não pertence mais ao Partido dos Trabalhadores, já é a candidatura de uma parcela expressiva do povo brasileiro."
O ex-presidente, que lidera as pesquisas de eleitorais, pode ter decretada a execução da pena de 12 anos e 1 mês de prisão à qual foi condenado no processo sobre o tríplex no Guarujá (SP).
Ao apontar que a prisão de Lula teria repercussão ruim no ambiente internacional e colaria no Brasil a imagem de uma "republiqueta de bananas", Gleisi disse que a estratégia jurídica está sendo discutida pela defesa do ex-presidente.
"Se acontecer qualquer violência ao presidente, nós consideramos uma prisão política e uma prisão que vai expor o Brasil ao mundo", disse.
"A prisão é uma violência. A prisão é uma violência completa porque é a prisão de um homem inocente, do qual foi retirado um direito elementar que está previsto na nossa Constituição, que é a presunção de inocência e de ele estar em liberdade fazendo sua defesa até a última instância", argumentou a petista.
Gleisi lamentou ainda que o Supremo tenha negado o pedido de Lula, avaliando que a maioria dos ministros deve alterar a posição da corte quando o plenário da corte analisar ações que questionam a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância.
Pelo entendimento atual do STF, que serviu de base para a rejeição do habeas corpus para Lula, é possível a prisão de um condenado que já teve esgotados seus recursos na segunda instância. Mas com a mudança da posição do ministro Gilmar Mendes, que defende agora a prisão após recursos em instâncias superiores, a jurisprudência atual deve mudar se a corte voltar a examinar o tema numa ação geral.
"Esse direito previsto na Constituição logo vai ser restabelecido, pelo que ficou evidente no posicionamento da maioria dos ministros ontem no Supremo ao apresentarem seus votos, mas foi retirado de um homem inocente que é o presidente Lula", disse Gleisi.