O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta sexta-feira o questionamento feito pelo governo dos Estados Unidos sobre os programas sociais e de ajuda alimentar a famílias pobres do governo brasileiro. Segundo matéria do jornal O Estado de S.Paulo, os Estados Unidos suspeitam que os programas sejam mecanismos para subsidiar, indiretamente, a agricultura e produtores rurais, o que violaria regras internacionais.
Em seu discurso durante o lançamento da candidatura do ex-deputado estadual e ex-prefeito de Osasco Emidio de Souza à presidência do diretório paulista do PT, Lula afirmou que “as pessoas estão perdendo o bom senso”, e negou que o incentivo aos agricultores brasileiros seja um subsídio.
Lula, citando artigo publicado no jornal americano Miami Herald, afirmou que os Estados Unidos precisam entender que “acabou o momento histórico que nesse País predominava o complexo de vira-lata e a presidente Dilma deixou isso muito claro” com seu discurso na Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo Lula, o questionamento feito pela Casa Branca à Organização Mundial do Comércio (OMC), que envolve até mesmo o Programa Nacional de Alimentação Escolar, que estabelece fundos para a merenda, mostra “como as pessoas são abelhudas e querem meter o dedo onde não deve”. “O Brasil não é um pote de água benta onde todo mundo passa o dedo não”, afirmou o ex-presidente.
“Desde quando nós temos de pedir permissão de quem quer que seja para tomar decisão em nome deste País?"
Espionagem americana no Brasil
Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.
Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília, pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.
Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.
O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.
Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.
Após as revelações, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.
Monitoramento
Reportagem veiculada pelo programa Fantástico, da TV Globo, afirma que documentos que fariam parte de uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos mostram a presidente Dilma Rousseff e seus assessores como alvos de espionagem.
De acordo com a reportagem, entre os documentos está uma apresentação chamada "filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil". Nela, aparecem o nome da presidente do Brasil e do presidente do México, Enrique Peña Nieto, então candidato à presidência daquele país quando o relatório foi produzido.
O nome de Dilma, de acordo com a reportagem, está, por exemplo, em um desenho que mostraria sua comunicação com assessores. Os nomes deles, no entanto, estão apagados. O documento cita programas que podem rastrear e-mails, acesso a páginas na internet, ligações telefônicas e o IP (código de identificação do computador utilizado), mas não há exemplos de mensagens ou ligações.