O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira que vai aproveitar uma teleconferência sobre a floresta amazônica na sexta-feira para agradecer ao presidente da França, Emmanuel Macron, por ter ajudado o povo brasileiro a conhecer a Amazônia e suas riquezas, ironizando declarações do líder francês, com quem travou um embate sobre o meio ambiente.
Bolsonaro participaria na sexta-feira de uma reunião de países da região amazônica na cidade colombiana de Letícia, na fronteira com o Amazonas, para discutir as recentes queimadas registradas na região. No entanto, o presidente afirmou que o encontro foi cancelado e transformado em uma conferência à distância.
"A decisão que eu tive ontem é que eles querem fazer por teleconferência. A reunião... eles acharam que é melhor fazer por videoconferência", disse Bolsonaro a jornalistas na saída do Palácio da Alvorada.
O porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, havia dito na véspera que o governo brasileiro tinha iniciado contatos com os demais países da região amazônica para tentar adiar a reunião de Letícia, depois que Bolsonaro foi informado por sua equipe médica de que terá que iniciar na sexta uma dieta líquida em preparação para a cirurgia que fará no domingo.
A reunião foi uma das medidas anunciadas pelo governo na esteira da crise internacional causada pelo aumento das queimadas na Amazônia neste ano.
Bolsonaro disse que vai aproveitar a conferência à distância para falar com Macron, que criticou a postura do governo brasileiro na preservação da Amazônia durante cúpula do G7 no mês passado, provocando uma reação do presidente brasileiro.
"Muito importante vai ser essa teleconferência na sexta-feira, porque agradecer ao Macron, meu amigo Macron, porque ele fez com que o povo brasileiro conhecesse a Amazônia que não conhecia, suas riquezas", disse Bolsonaro, em tom de ironia.
Bolsonaro exigiu na semana passada desculpas de Macron por tê-lo chamado de mentiroso e por ter relativizado a soberania brasileira na Amazônia, segundo o presidente brasileiro. Bolsonaro inclusive afirmou que só aceitaria uma ajuda de 20 milhões de dólares para a Amazônia anunciada pelo presidente francês na cúpula do G7 se Macron se retratasse. Depois, Bolsonaro chamou a oferta de "esmola".
O presidente também voltou a defender nesta terça-feira o desenvolvimento econômico da região. "A nossa Amazônia é a maior do que a de outros países. Temos lá riquezas incalculáveis. Se soubermos explorar essas riquezas de forma racional e agregando valor, é um tremendo de um impulso na nossa economia."