O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), cobrou o governo que coordene com os demais poderes um "pacote horizontal" de medidas que traga previsibilidade à sociedade, pedindo ainda que sejam observada a experiência internacional no combate à nova doença e seus efeitos.
Para o presidente da Câmara, para quem é positiva a linha de crédito anunciada nesta sexta-feira pelo governo para pequenas e médias empresas para o pagamento de salários, mas poderia ter um volume maior de recursos, é necessária uma integração das ações, do contrário os Poderes e agentes públicos podem "bater cabeça".
"Se a gente não tem o apoio ou o comando do próprio governo, vai acabar acontecendo de forma desorganizada. Como quando você toma um remédio em dose desnecessária. Com o impacto da dose correta, você fica bom. Em doses acima do prescrito, vai acabar dando problema", disse, em debate virtual organizado pelo Lide, grupo de empresários fundado pelo hoje governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
"É a mesma coisa, o Parlamento precisa ter esse diálogo com o governo, o governo precisa comandar", disse, lembrando que sugeriu na véspera que o presidente Jair Bolsonaro convoque uma reunião ampla e "franca" com os Poderes para discutir a crise.
"O governo precisa entender que tem certas decisões que são inevitáveis e que elas precisam ser tomadas com alguma celeridade por parte do governo."
Maia, que citou problemas com aluguéis, sugeriu o adiamento de impostos e defendeu que, fora do pacote horizontal, o setor privado hospitalar seja escutado com maior urgência, avaliou que a linha de crédito de 40 bilhões de reais em dois meses para o pagamento de salários de pequenas e médias empresas é "tímida", "não vai resolver nada".
"Em relação à questão dos impostos, é obvio que o governo já deveria ter feito isso. Isso é óbvio. É óbvio que o governo já deveria ter suspendido os contratos (de trabalho) e ter aberto o seguro-desemprego como contrapartida. É óbvio que esse empréstimo que o governo está fazendo, já deveria ter feito e num volume maior, no meu ponto de vista, não apenas para pagar salário mas para garantir capital de giro", declarou o deputado.
Maia relatou que tenta articular também as iniciativas do deputados, para que "saia uma coisa integrada" , para evitar mais "insegurança" e "imprevisibilidade".
Defendeu, ainda, que não há outro caminho que não passe, tanto no curto como no médio prazo, pela injeção de recursos públicos para o enfrentamento da crise e a retomada da atividade.
Também ponderou que a quebra do isolamento precisa seguir um planejamento, sob pena de aumentar os impactos na economia e no sistema de saúde.
"É claro que todos querem reduzir o isolamento", admitiu. "A gente não pode é ter uma onda de abertura de isolamento que gere uma segunda onda de aprofundamento maior da crise econômica e também de uma tragédia maior, principalmente na perda de vidas pelo colapso do sistema de saúde."
Maia creditou o debate sobre o isolamento, principalmente nas redes sociais, à falta de um posicionamento do governo que dê uma previsão para os próximos dias.
"Temos que saber se liberar vai resolver o problema ou não vai resolver o problema", disse.